Manifestações de protesto contra medidas de arrocho de Beji Caid se multiplicaram pelas cidades da Tunísia nos últimos dias. As manifestações, em 18 cidades, já resultaram em pelo menos um morto de 206 pessoas presas.
A revolta popular, que acontece sete anos após a primeira onda de protestos que levou à queda do governo de Ben Ali, eclodiu com o anúncio de aumento nos preços dos combustíveis, dos impostos sobre automóveis, chamadas telefônicas e vários artigos de consumo, medidas tomadas atendendo a recomendações do FMI, também sublevou a cidade de Sidi Bouzid, cidade operária que foi o epicentro da rebelião que pôs abaixo o governo anti-popular de Ali.
Economistas e lideranças sindicais locais afirmam que o orçamento de arrocho disponibilizado para 2018 deve resultar em exacerbação do desemprego e desigualdade social no país norte-africano.
Há denuncias de que o manifestante morto na cidade de Tebourba, a 30 quilômetros da capital Tunis, levou um tiro da polícia que reprimia o ato. Em diversas áreas do país o exército foi deslocado para conter a ira popular que colocava em risco sedes de bancos e prédios governamentais.
Na cidade de Nefza, por exemplo, os manifestantes atearam fogo à estação de polícia e ao prédio da delegacia local da receita federal.
Em outras localidades estradas foram bloqueadas e pneus incendiados. Em um dos bairros de Tunis a polícia enfrentou uma chuva de pedras e coquetéis Molotov atiradas por jovens manifestantes, dispersos com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
A inflação bateu 6,4% em 2018, sem as devidas reposições salariais e o desemprego ultrapassa a casa dos 15%, com um terço dos jovens sem trabalho.