O entupimento na tubulação criada para dar vazão às águas do rio Cauca, que estão sendo represadas em uma região montanhosa próxima à cidade de Medellín, para a construção da usina hidrelétrica de Hidroituango fez elevar o nível do rio e ameaça de ruptura a barragem construída até o momento.
A obra para a qual a EPM, Empresas Públicas de Medellín, contratou um consórcio cuja acionista majoritária é uma das empresas investigadas no propinoduto que funcionou alimentando dirigentes nos governos petistas na operação Lava Jato: a Camargo Corrêa.
Desde o dia 18 de maio, quando foi detectado o entupimento pelo duto de drenagem, as passagens onde está projetada a instalação da casa de máquinas passou a ser usada para o escoamento da água. No entanto, no dia 5, duas explosões hídricas – devido a um bloqueio temporário também na casa de máquinas – assustaram os trabalhadores, moradores da vizinhança da barragem, além dos prefeitos e governadores da região que pode acabar sendo afetada por um deslizamento que pode chegar a 40 milhões de metros cúbicos.
O grave problema tinha sido encoberto e só veio à tona através do ofício do governador de Antioquia, Luis Pérez, que alertou: “Se a casa de máquinas chegar a colapsar, ameaçaria seriamente gerar um aumento significativo de descontrole do leito do rio Cauca”.
A obra, orçada em 3 bilhões de dólares, se entrar em colapso coloca em risco a moradia e mesmo a vida de 130 mil colombianos envolvendo 12 municípios do noroeste da Colômbia.
O especialista José Hilario López escreveu ao jornal El Mundo de Medellín que “muito provavelmente” erros de engenharia e planejamento além de redução de custos para a maximização dos lucros e a aceleração repentina da obra causaram o desastre.
A obra, que teve início em 2010 e foi adjudicada ao consórcio encabeçado pela Camargo Corrêa em 2012, mas que o presidente, Santos, queria inaugurar antes do fim de seu mandato.
Desde a detecção do problema, 5 mil pessoas foram evacuadas das proximidades de Pedro Valdívia, no departamento de Antioquia.
“Eles ignoraram o que os camponeses e o povo do campo disseram, que são quem conhece o território e, atuaram na ânsia de gerar energia rapidamente. Olha o que aconteceu”, disse Genaro Graciano, do movimento Rios Vivos Antioquia, crítico da hidrelétrica. A Rios Vivos denuncia que quatro ativistas que contestavam a obra foram mortos desde o início das atividades de construção.
O Ministério Público da Colômbia resolveu, a partir de maio, abrir investigações acerca de “incidências criminosas” tanto na obra em si como nas suspeitas de propina para que ela fosse parar nas mãos da contumaz Camargo Corrêa. Além da corporação brasileira, que detém 55% das ações, estão no consórcio as colombianas Coninsa Ramón H. (com 35%) e Conconcreto (10%).