Estudantes da Escola Municipal Wilian Peixoto, localizada no complexo de favelas da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, afirmam que a escola foi alvo de tiros, na manhã desta quarta-feira (18). Segundo os alunos e moradores da comunidade, os tiros teriam sido disparados de um helicóptero da Polícia Civil.
Segundo a página de denúncias “Maré Vive”, muitos tiros foram dados na região do Complexo de Escolas Salsa e Merengue, onde ficam creches e instituições de ensino da comunidade. Com medo dos tiros as crianças tiveram que se agachar nos corredores e dentro das salas de aulas. “As crianças estavam brincando. O helicóptero passou e todas começaram a correr. Aí meteram tiros”, contou uma testemunha. Devido ao intenso tiroteio, a escola suspendeu as aulas.
“O que me partiu o coração foi escutar os gritos dos alunos. Moro na Nova Holanda e semana retrasada também teve operação que durou até de noite. Deus nos ajude. Nós nós estamos entregues a um estado negligente, homicida, conivente com a violência. Omissos… E depois vem com a cara mais limpa do mundo na TV e dá as desculpas mais estapafúrdias possíveis”, disse uma moradora do Complexo da Maré em uma rede social.
“Isso é hora pra fazer operação com as escolas cheias? Meu Deus livra-nos e as nossas crianças de todo mau só misericórdia de Deus nessa hora”, opinou outra.
Vídeos foram compartilhados nas redes sociais mostram o intenso tiroteio e aeronave dando rasante sobre colégio.
Por volta das 11 horas, a Polícia Civil divulgou uma nota em que afirma que a operação não teve feridos e disse ainda que a ação da Subsecretaria de Inteligência teve apoio de agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) deram apoio .
Também nesta quarta, a PM fez uma operação no Alemão. Cinco pessoas morreram e um policial foi baleado e está em estado grave.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação do RJ informou que as escolas municipais do Rio não foram fechadas na manhã desta quarta.
“As escolas, regularmente, se mantêm de portas abertas para a população. Em função de tiroteios entre policiais e marginais em determinados pontos de comunidades do Rio, muitos pais e responsáveis tomam a iniciativa de buscar os filhos nas unidades de ensino, e o período de aula acaba interrompido para algumas crianças”, disse o órgão.
ABATE
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), as mortes em ações policiais no mês de julho registram o maior número para um mês desde 1998. Foram 194 casos, um aumento de 49% em relação ao ano passado. Em comparação com o mês de junho, a alta foi de 29%.
No acumulado de janeiro a julho, 1.075 pessoas morreram em intervenções policiais — número 20% maior do que o mesmo período de 2018. Até julho, a média é de mais de cinco mortos pela polícia por dia.
Os números cresceram em meio à defesa de um discurso de “abate” do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Ele defende, desde a época de campanha, que pessoas portando fuzil sejam abatidas pela polícia.