Na semana em que o Brasil passou dos 420 mil mortos, Bolsonaro comemorou com passeio de moto e regabofe nas piscinas do Alvorada
Não foi só o irresponsável e cínico ‘rolezinho’ de moto pelas ruas da Capital o que Bolsonaro fez no último fim de semana para afrontar as medidas sanitárias decretadas pelo governador de Brasília, Ibaneis Rocha, contra a Covid-19. Bolsonaro fez também uma animada festa para os mais chegados no Palácio do Alvorada.
As estranhas comemorações, tanto nas ruas de Brasília com as motos como ao redor das piscinas palacianas, não se coadunam nem um pouco com a tristeza e o luto que tomam conta dos brasileiros pelo país afora.
O Brasil se depara com o assustador número de 422 mil mortos pelo vírus assassino e todas as estimativas apontam para meio milhão de mortos até final do mês. Não há ninguém que não tenha perdido um familiar ou um amigo ou conhecido nesta tragédia.
As atenções estão todas voltadas para saber o que está sendo feito para a superação da fatídica falta de vacinas, já que esta é a única forma de se debelar a pandemia que assola o país.
Até uma CPI foi instalada no Senado da República para apurar de quem é a reponsabilidade pelo atraso da vacinação e a falta dos imunizantes.
O país quer saber por que Bolsonaro se recusou a assinar contratos para comprar a vacina da Pfizer e desautorizou Pazuello a comprar a CoronaVac do Butantan a tempo de proteger a população, até porque o presidente nada faz para enfrentar esses problemas, insistindo em sua postura negacionista, como fez agora, festejando, aglomerando, gargalhando e recomendando a cloroquina. Fora isso, ataca governadores, o STF, os prefeitos, o Congresso Nacional, etc.
Não há motivo algum para comemorações e muito menos autorização para aglomerações festivas como essas que ocorreram no domingo (9) em Brasília. As duas aglomerações, tanto nas ruas com as motos, capitaneadas por um sorridente Bolsonaro, como a festança e o regabofe do Palácio da Alvorada, deveriam ser interrompidas pela fiscalização do Governo do Distrito Federal por desrespeito às restrições sanitárias e crime contra a saúde pública. Ninguém deve estar acima da lei. O local da festança clandestina deveria ser autuado pela fiscalização e interditado.
Na manhã do domingo, enquanto esperava a saída do comboio de motos, Bolsonaro ajudou bastante a espalhar o vírus assassino ao transitar sem máscara em várias direções dentro da aglomeração que se formou em frente ao Palácio do Alvorada. Muita risada, muitos tapinhas nas costas e muitas fotos foram tiradas com os participantes do evento. Dali eles saíram com o comboio pelas ruas da cidade. Calcula-se que cerca de mil motos participaram do passeio.
Ao final do rolê por Brasília, ele discursou. Disse que deverá realizar manifestações políticas em São Paulo, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Por fim, como ninguém é de ferro, Bolsonaro foi curtir com amigos o churrascão montado na beira da piscina do Palácio. Mais tapinhas nas costas, muito bate papo, cerveja gelada e mais gargalhadas. Uma sinistra comemoração.
Governar mesmo que é bom, nada, Nem pensar. Quais os caminhos que o país deve tomar para superar a crise e a pandemia não preocupam Bolsonaro. Resolver o problema da falta de vacinas não está em sua agenda. Aumentar a ajuda emergencial também não é problema dele. Ele só quer fazer festas, campanha política, divulgar cloroquina e fazer aglomerações.
Aliás, o que ele faz sistematicamente é atrapalhar a aquisição de vacinas, como fez na semana passada, ao dizer, numa solenidade no Palácio do Planalto, que o coronavírus tinha sido uma criação de laboratório, tese espalhada sem nenhuma prova por inimigos declarados da China. Não só disse isso como insinuou que a China, principal fornecedor de vacinas e insumos para o Brasil, tinha se beneficiado da pandemia.