Preço da cesta básica chega a consumir 70% do piso nacional em algumas capitais
A cesta de alimentos composta por 13 itens monitorados pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas (Dieese) teve valor médio de R$ 710,53 em Florianópolis em novembro, preço que chega a aproximadamente 70% do piso nacional.
O novo salário mínimo, reajustado pelo governo Bolsonaro para R$ 1.212 a partir deste 1º de janeiro, não custeia nem duas cestas básicas em pelo 8 capitais brasileiras. A cesta de alimentos composta por 13 itens monitorados pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas (Dieese) teve valor médio de R$ 710,53 em Florianópolis em novembro, preço que chega a aproximadamente 70% do piso nacional.
Em São Paulo, o preço médio foi de R$ 692,27; de R$ 685,32 em Porto Alegre; R$ 668,17 em Vitória; R$ 665,60 no Rio de Janeiro; R$ 645,17 em Campo Grande; R$ 638,96 em Curitiba e; em Brasília, de R$ 631,95. Todos os valores são mais do que a metade do novo piso nacional. O Dieese ainda não divulgou os valores da cesta básica de dezembro, com preços reajustados.
O salário estipulado por medida provisória publicada em Diário Oficial da União é R$ 112 acima R$ 1.100 que vigoraram em 2021. Pelo segundo ano seguido, não houve ganho real, já que o reajuste apenas adicionou a variação da inflação medida pelo INPC no ano passado.
A cesta de alimentos não é a única despesa de uma família e combinação de rendas achatadas com a inflação generalizada tem grave impacto nas condições de vida dos brasileiros. Pelos cálculos do Dieese, um salário mínimo capaz de custear as necessidades básicas de uma família deveria ser de R$ 6 mil em 2022. Isso é quase cinco vezes o valor estabelecido para o ano novo.
O gás de cozinha, por exemplo, acumula aumento de 38% em 2021, chegando a custar R$ 140,00 em algumas regiões do país – o que corrói mais de 10% do mínimo atual.
Para 2022, a expectativa é de ainda mais carestia. A conta da luz ficará 9,1% mais cara, já que o governo decidiu repassar para o consumidor os custos de um empréstimo bilionário que socorrerá as distribuidoras este ano. Os brasileiros já estão arcando, pelo menos até abril, com a chamada bandeira tarifária vermelha (de escassez hídrica) que acrescenta R$ 14,20 ao valor pago a cada 100kW/h consumidos. As tarifas extras compensam a escassez de chuvas e acionamento das termoelétricas, que geram energia mais cara.
Os contratos de aluguéis, reajustados de acordo com o IGP-M, passarão boa parte do ano com a taxa de 17,78%, de 2021, como referência.
A gasolina acumula, em 12 meses até novembro, alta de 50,78%. Os combustíveis com preços nas alturas não penalizam apenas quem usa veículos, mas ajudam a encarecer a produção e os valores agregados a produtos e serviços como um todo.
Sentindo esse efeito, as passagens de ônibus devem ser reajustadas para acompanhar a inflação. De acordo com informações prestadas por prefeitos ao Palácio do Planalto, o aumento dos bilhetes será de até 11%.