
Minutos antes do início da contagem dos votos das primárias do Partido Democrata nos Estados de Illinois, Arizona e Flórida, cujos resultados ampliaram a margem de Biden sobre Sanders, o senador chamou a Nação a uma ampla unidade contra a “incapacidade do falastrão Trump” de enfrentar a “crise de dimensões que não tivemos desde a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial”
Biden venceu as três primárias da terça, 17 e conquistou mais 249 delegados contra os 116 de Sanders. Com este resultado, Biden já conta com 1.147 delegados no total das primárias, enquanto que Sanders somou 869 até aqui.
Com o lançamento de seu plano “Resposta ao Coronavírus” com uma série de propostas que levará ao Congresso, Sanders manifesta que estará na campanha para levar adiante um programa que coloque o povo e não as corporações em primeiro lugar e mude um sistema de Saúde, hoje voltado para o lucro em um sistema que forneça tratamento médico e preventivo a todos os cidadãos norte-americanos.
Referindo-se a Trump, que será o adversário a enfrentar pelo candidato escolhido nas primárias do Partido Democrata, Sanders denunciou que “é inaceitável que ele fique agindo como um falastrão perorando informações sem base factual que confunde o público americano”.
Durante semanas seguidas, Trump reclamou dos alertas sobre a gravidade da situação advinda da propagação mundial do vírus formulados pelos oposicionistas do Partido Democrata dizendo que estes estas inflando o problema e que o coronavírus não era mais sério do que uma gripe qualquer. Depois reconheceu a gravidade da situação e disse que o Covid-19 seria enfrentado com a medida de proibir viagens de pessoas de 26 países europeus aos Estados Unidos.
Sanders denunciou, no domingo, que a “retórica de Trump só está exacerbando a crise” e que sua “incompetência e negligência colocam em risco a vida de muitas e muitas pessoas neste país”.
Na terça, destacou que Trump, mesmo já reconhecendo a situação emergencial que a pandemia coloca o país, apresentou um programa voltado para os interesses corporativos e não para o povo que necessita atenção especial.
Segundo Sanders, “a Nação está enfrentando uma série de crises interligadas: o espraiamento do vírus infeccioso, o derretimento da economia acelerado pelo surto e um desastre político derivado da incapacidade de tratamento da catástrofe por parte do governo Trump e dos republicanos no Congresso”.
“Todos devem ter atendimento e cuidados garantidos”, afirmou o senador ao lançar um plano denominado “Plano de Emergência diante do Coronavírus” para cuja materialização devem ser alocados 2 trilhões de dólares.
Para Sanders este plano deve vir como resultado de uma mobilização nacional de larga escala diante de uma crise que “não se via desde que se mobilizou o país no New Deal [numa referência ao programa com o qual Roosevelt enfrentou a Grande Depressão iniciada em 1929] e na Segunda Guerra Mundial”.
O plano inclui o tratamento médico gratuito a todos e um pagamento mensal de US$ 2.000 a cada norte-americano adulto – como forma de prevenir mortes, perdas de emprego e ruína econômica” causada pela ameaça mortal e crescente que o surto de coronavírus oferece ao varrer os Estados Unidos [já há infectados em todos os 50 Estados] e a maior parte do mundo.
“Temos que garantir que todo aquele que precise de tratamento o obtenha gratuitamente, garantir que os trabalhadores continuem a receber pagamentos de forma a que garantam sua sobrevivência e, ao mesmo tempo, impedir que as corporações gigantes e Wall Street lucrem com o surto”, declarou Sanders.
Destacando que, do ponto de vista da quantidade de vidas ameaçadas “é como se estivéssemos em guerra”, prosseguiu: “Temos que começar a pensar em uma escala comparável ao tamanho da ameaça e garantir proteção aos trabalhadores, aos de baixa renda e às comunidades mais vulneráveis não apenas às corporações gigantes de Wall Street”.
“Neste momento de crise é imperativo que permaneçamos juntos”, enfatizou ao destacar mais elementos do plano a exemplo do “dramático investimento em um sistema público de Saúde – incluindo um salto em termos do fornecimento de equipamentos de teste – e, quando se tornar disponível, vacina para todos e de graça. Crescente apoio e preparo dos trabalhadores na linha de frente da questão médica, hospitais, clínicas e centros de Saúde comunitária.
Também seriam mobilizados a Guarda Nacional, as unidades militares de engenharia e os recursos militares para a construção de centros de Saúde em todo o país.
No front econômico, diz o plano, seria criada uma “Agência Financeira de Crise”, para evitar que a economia entre em despenhadeiro devido à pandemia.
O plano traçado por Sanders tem por três princípios básicos:
– Fortalecimento do Programa Medicare para garantir que todos recebam tratamento de saúde adequado
– Estabelecimento da Agência Financeira para a Crise Econômica para o enfrentamento da crise econômica
– Criação de uma Agência de Fiscalização para a Luta contra a Corrupção e o Sobrepreço.

“PRIMÁRIAS SURREAIS”
Quanto aos resultados das primárias realizadas desde o dia 10, as quais Biden venceu em oito e Sanders em duas, o articulista do portal Common Dreams, Jon Queally, considerou as mesmas algo “surrealista desde o surto”, referindo-se ao fato de que a correção de rumo, com intensificação da mobilização em comícios, proposta por Sanders a seus apoiadores para trazer os eleitores jovens às urnas, quando ainda disputava com Biden voto a voto, se tornou impossível. Na própria terça-feira, 10, a equipe de Sanders anunciou o cancelamento de duas concentrações que se realizariam em Ohio e Cleveland.
Aliás, os líderes locais cancelaram a primária de Ohio, que estava marcada para a terça, dia 17, preocupados com a propagação do vírus.