Medidas visam barrar ampliação do contágio do coronavírus e impedir colapso da saúde no estado; início das aulas é adiado em uma semana e será facultativo
Após mais uma semana de piora nos indicadores da Covid-19 em São Paulo, a gestão João Doria (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (22) regras mais restritivas de isolamento social e determinou que todo o estado fique na fase vermelha do plano de flexibilização econômica aos finais de semana e feriados. Nos dias úteis, a fase vermelha valerá das 20h às 6h.
Nesta fase, só estão autorizados serviços essenciais, como padarias, mercados e farmácias. Já bares, restaurantes só poderão funcionar para entregas. A medida valerá, em todo o estado, nos finais de semana dos dias 30 e 31 janeiro e 6 e 7 de fevereiro.
A maior preocupação é o avanço rápido da doença que já registra aumento de 42% no número de novos casos e de 39% de óbitos de nos 21 dias deste mês de janeiro, em comparação ao mesmo período de dezembro. As taxas de ocupação hospitalar permanecem em ascensão. Neste ano, já saltaram mais de oito pontos percentuais no Estado, saltando da faixa de 62% para mais de 70%.
“Antes que milhões de brasileiros possam ser vacinados, todos nós precisamos lidar com a dura realidade que a pandemia nos impõe neste momento”, disse o governador do estado, João Doria.
“Uma segunda onda de coronavírus atingiu o mundo e seus efeitos também atingiram o Brasil e o estado de São Paulo. O aumento no número de casos, internações e óbitos é extremamente preocupante”, acrescentou Doria. “É a ciência, a saúde e a medicina que determinam os caminhos que temos a seguir para proteger vidas.”
A média estadual de novos casos passou de 287,9 para 348,6 novos casos a cada 100 mil habitantes, segundo o boletim epidemiológico da última terça-feira (19). A taxa de novas internações subiu de 49,3 para 54,1 a cada 100 mil habitantes, e as mortes foram de 5,8 para 7,1 a cada 100 mil habitantes. A aceleração no contágio preocupa o Centro de Contingência, que reforçou o alerta aos 46 milhões de habitantes de São Paulo.
“O cenário para os próximos dias não é tranquilizador, muito pelo contrário, são sombrios. Nós temos risco em São Paulo, se não tomarmos as medidas necessárias, de em pouco tempo termos dificuldade de oferecer leitos de UTI para pessoas que necessitem de tratamento”, declarou João Gabbardo Coordenador Executivo do Centro de Contingência. “São Paulo apresenta um óbito a cada seis minutos. O tempo que demorarmos para tomar as medidas necessárias vai significar óbitos nesta velocidade.”
SOBRECARGA
O estado de São Paulo pode esgotar sua capacidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em 28 dias, caso o ritmo atual de novas internações por Covid-19 se mantenha.
“Sem novas medidas restritivas e com esse comportamento que nós adotamos nas últimas semanas nós vemos que nós teríamos em 28 dias, o que aconteceria é que o estado poderia ter um esgotamento de leitos UTI Covid. Então, é isso que nós estamos evitando aqui”, disse a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
“Nós não podemos esperar para tomar novas medidas, todos nós sabemos que o que acontece hoje reflete no sistema de saúde em duas a três semanas e, por isso, essas medidas estão sendo tomadas agora. Se o comportamento de hoje se mantém, nós teríamos um risco de colapso em quatro semanas e é isso que nós estamos atuando aqui para evitar”, completou.
HOSPITAL DE CAMPANHA REATIVADO
O governo também anunciou a ativação de 756 leitos em hospitais estaduais e a retomada do hospital de campanha do Heliópolis, zona Sul da Capital, que volta a operar com 24 leitos de UTI.
“Esse conjunto de medidas vai reforçar o sistema de saúde e garantir o atendimento a todos. São medidas necessárias enquanto não temos a quantidade de vacinas necessárias para imunizar todos os brasileiros. Por enquanto, apenas a vacina do Butantan está garantindo a imunização dos profissionais de saúde que estão na linha de frente contra a pandemia”, disse Doria.
A medida tem o objetivo de reforçar o sistema de saúde e garantir leitos para assistir casos graves de coronavírus em todo o Estado. Nos hospitais estaduais serão abertos 306 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) COVID-19 e outros 450 de enfermaria.
“Estamos monitorando diariamente a situação na região e em todo o Estado, cientes de que precisamos agir rapidamente para que a rede hospitalar possa enfrentar o recrudescimento da pandemia. Diante do cenário epidemiológico da COVID-19 em todo o mundo, decidimos ampliar leitos nos nossos serviços de referência para assegurar atendimento a todos que precisarem”, afirma o Secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn.
AULAS
O estado também anunciou o adiamento das do início das aulas da rede estadual, previsto para o dia 1º de fevereiro, e suspendeu a obrigatoriedade do retorno presencial dos alunos de todas as escolas do estado nas fases laranja e vermelha da quarentena.
Com a nova determinação, a previsão é a de que as aulas comecem no dia 8 de fevereiro. A autorização para as escolas particulares e municipais retornarem às aulas no dia 1º de fevereiro foi mantida.
“Educação continua sendo prioridade e atividade essencial. Nossas escolas estarão abertas para dar todas as informações às famílias a partir de 1º de fevereiro. E com aulas para nossos estudantes da rede estadual a partir de 8 de fevereiro. Já as redes municipais e privadas podem manter seus calendários”, destacou o Secretário de Estado da Educação do Estado, Rossieli Soares.
Nas duas primeiras semanas, as escolas da rede estadual receberão até 35% de sua capacidade de alunos por dia. Após esse período, se uma região estiver na fase vermelha ou laranja do Plano São Paulo, as escolas poderão receber diariamente até 35% dos alunos matriculados. Na fase amarela, elas ficam autorizadas a atender até 70% dos estudantes; e na fase verde, até 100%. Os protocolos sanitários devem ser cumpridos em todas as fases.
Já as instituições de ensino superior poderão funcionar na fase amarela com até 35% das matrículas, e na fase verde, com até 70%. Nas etapas vermelha e laranja, elas não estão autorizadas a funcionar. Cursos superiores específicos da área médica têm o retorno presencial autorizado em todas as fases do Plano São Paulo.