Após a alta de 58% no número de pessoas internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por síndromes respiratórias nas duas últimas semanas, decorrente do avanço da variante ômicron e da gripe, o governo de São Paulo recomendou nesta quarta-feira (12), que as cidades paulistas reduzam em 30% a capacidade de público para eventos públicos e privados, como shows, festas, atividades esportivas e outras atividades que gerem aglomeração.
O governador João Doria (PSDB) afirmou que as cidades podem adaptar as medidas de acordo com o cenário epidemiológico observado em cada região. João Gabbardo, coordenador executivo do Comitê Científico de Combate à Covid-19 do governo, também afirmou que os municípios poderão adotar restrições mais duras do que os 30% de redução de público. “Os municípios têm situações diferentes e enfrentam realidades diferentes. (Eles podem) legislar de acordo com sua situação epidemiológica. (Os 30%) é a régua mínima”, explicou.
A recomendação do Comitê Científico também prorrogou até 31 de março a obrigatoriedade do uso de máscaras em todos os ambientes, internos ou externos. Na realização de eventos, a orientação é de que ainda haja exigência de teste antígeno contra a covid e comprovante de vacinação do público.
Gabbardo não descartou elevar esse patamar recomendado nas próximas semanas. “Trabalhamos em cima da realidade do momento. O acréscimo de internações é bastante significativo, mas esse número ainda sai de uma base muito baixa. Se compararmos as internações em UTI em relação à nossa capacidade, significa 13% de todos os leitos. As recomendações têm que ser proporcionais à que estamos vivendo. É definitivo? Não. Vamos examinar a realidade e os números (a cada semana)”, acrescentou, quando questionado sobre o porquê de a medida não ser obrigatória.
Quanto aos eventos do futebol profissional, o governo paulista esclareceu que se trata de uma determinação que terá de ser cumprida pela Federação Paulista de Futebol (FPF). O limite de 70% de público nos estádios começa a valer a partir de 23 de janeiro, data de início do Campeonato Paulista. A medida não engloba o público da Copa São Paulo, que está em andamento.
Ocupação de UTI subiu 58% e de enfermaria, 99%
O número de pessoas internadas em UTIs no Estado passou de 1.096 para 1.727, alta de 58% em 14 dias. O aumento nas pessoas admitidas em enfermarias foi ainda mais intenso, passando de 1.712 para 3.413 no período, 99% a mais.
Na última semana, o Estado teve um aumento diário de 7% nos pacientes em UTI e de 11% naqueles em leitos de enfermaria, que cresceram 99% em relação aos sete dias anteriores.
Nesta quarta-feira, 12, a taxa de ocupação nos leitos de UTI do Estado é de 39,01%, enquanto a lotação da Grande São Paulo está um pouco acima, em 46,35%. Segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, as novas internações têm “acontecido fundamental nas enfermarias”.
“Precisamos observar que a condição clínica dos internados agora é muito menos grave e o tempo de internação muito mais curto em relação ao que víamos antes da vacinação”, disse Gorinchteyn.
“O número de pessoas que se infectam ainda é elevado e o número de internações, mesmo que não seja com tanta gravidade como no início da pandemia, também é muito elevado”, observou João Gabbardo.
COMPRA DE TESTES
O governo paulista também anunciou a compra de 2 milhões de testes rápidos de antígenos para a covid-19, com grau de efetividade de 98% e resultados em 15 minutos. Eles serão disponibilizados aos municípios até fevereiro. “Os testes funcionam como uma bússola para diagnóstico rápido e ação efetiva para controle da doença”, disse Doria.
A pasta estadual também encaminhou na terça-feira um ofício ao Ministério da Saúde, solicitando o envio de 2,5 milhões de testes extras para a distribuição às prefeituras. “Entendendo que testar é um guia para o controle da pandemia”, afirmou Jean Gorinchteyn.
Pré-cadastro de vacinação para crianças
O Estado de São Paulo abriu nesta quarta-feira (10), o pré-cadastro de crianças dos 5 aos 11 anos para a vacinação contra o coronavírus. A expectativa do governo é de que a imunização desta faixa etária comece a partir da próxima sexta-feira (14) com atendimento preferencial ao público com deficiências, comorbidades, indígenas e quilombolas.
Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro carregamento com 1,2 milhão de doses da Pfizer, a única vacina autorizada nessa faixa etária até o momento, deve chegar ao Brasil na próxima quinta-feira (13), e passar pelo controle de qualidade. Após a conclusão desse processo, que pode levar até 24 horas, cerca de 248 mil doses serão direcionadas ao Estado de São Paulo.
“Poderíamos vacinar muito mais se mais vacinas chegassem”, lamentou Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunizações. A estimativa do governo paulista é de que há 4,3 milhões de crianças nesta faixa etária em todo o Estado. Ainda nesta quarta-feira, foi concluído o envio de 4,5 milhões de seringas e agulhas específicas para esse público aos municípios.
Segundo o governador João Doria (PSDB), há também a expectativa de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove na próxima semana a aplicação da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em crianças de 3 a 11 anos. “Caso isso aconteça, teremos condição de agilizar fortemente a vacinação não só em São Paulo, mas em todo o Brasil”, disse.
Abaixo, confira a lista de comorbidades consideradas para o atendimento prioritário na vacinação infantil em São Paulo. Elas podem ser comprovadas por exames, receitas, relatórios ou prescrições médicas.
• Insuficiência cardíaca
• Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar
• Síndromes coronarianas
• Valvopatias
• Miocardiopatias e Pericardiopatias
• Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
• Arritmias cardíacas
• Cardiopatias congênitas
• Próteses valvares Dispositivos cardíacos implantados
• Talassemia
• Síndrome de Down
• Diabetes mellitus
• Pneumopatia crônicas graves
• Hipertensão arterial resistente e de artéria estágio 3
• Hipertensão estágios 1 e 2 com lesão e órgão alvo
• Doença cerebrovascular
• Imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos)
• Anemia Falciforme
• Obesidade mórbida
• Cirrose hepática
• HIV