O Banco Central (BC) informou, nesta segunda-feira (8), que os saques à caderneta de poupança excederam os depósitos em R$ 87,8 bilhões no ano de 2023. Acompanhando as elevadas taxas de juros e os níveis recordes de endividamento das famílias, os brasileiros têm retirado mais recursos do que depositado na poupança desde 2021.
De acordo com o relatório do BC, os depósitos totalizaram R$ 3,82 trilhões, enquanto as retiradas, R$ 3,91 trilhões em 2023. Com os números consolidados do último ano, o estoque total depositado caiu para R$ 983 bilhões. Em dezembro de 2022, esse valor foi de R$ 999 bilhões.
A taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,75% ao ano, tem contribuído para esse cenário à medida que restringe as rendas e estimula o aumento do endividamento das famílias.
Em todo o primeiro semestre do ano, o BC manteve a Selic em 13,65% ao ano, uma das mais altas do mundo. Já endividada, a população passou a retirar recursos da poupança para cobrir despesas básicas ou quitar dívidas.
Conforme dados divulgados também pelo BC, o endividamento das famílias alcançou 47,6% da renda acumulada nos 12 meses até outubro deste ano. De acordo com a pesquisa mensal da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 76,6% das famílias brasileiras estavam endividadas em novembro, enquanto 29%, inadimplentes.