
No momento em que a população enfrenta o caos no INSS por falta de servidores, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip) adverte que a Receita Federal poderá ser o próximo órgão público a entrar em colapso.
Para o presidente da Anfip, Décio Bruno Lopes, a falta de servidores deve travar a máquina de arrecadação nos próximos meses.
Segundo a entidade, o número de auditores fiscais foi o que teve a maior redução, com queda de 34% nos seus quadros. Mais o desmonte na Receita é ainda maior, pois o déficit de pessoal inclui ainda analistas fiscais e outros técnicos da área.
O número de auditores fiscais caiu, em uma década, de 12,7 mil para 8,4 mil em novembro de 2019.
De acordo com levantamento da Coordenação de Gestão de Pessoas, há 21.471 cargos vagos na Receita Federal. São 11.325 de auditores fiscais e 10.416 analistas fiscais.
“Urge que sejam tomadas providências para que o caos não se instale nas atividades de fiscalização tributária, combate à sonegação, entre outras atividades fundamentais para obter recursos financeiros que garantam a continuidade dos programas sociais brasileiros¨, afirma o presidente da Anfip.
Uma crise na Receita Federal, como a que vemos agora no INSS, vai impactar em enormes prejuízos ao país, com a perda de arrecadação de tributos e o combate à sonegação, mas também na prestação de serviços à população, com o fechamento de agências, análise do Imposto de Renda, restituições e consultas técnicas ao contribuinte.
“O expressivo número de servidores em condições de aposentadoria ou próximos a ela e a demora na realização de um novo concurso devem causar impactos importantes nos trabalhos dessa linha de frente”, alerta o coordenador de Estudos Socioeconômicos da Anfip, Vilson Romero.A Anfip diz que já alertou diversas vezes a diretoria da Receita sobre a necessidade da abertura de concursos para o órgão, mas que não recebeu nenhuma resposta ou previsão sobre isso.