
Os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) realizam manifestações contra o desmonte do instituto praticado pelo governo. Os servidores criticaram a nomeação dos militares da reserva como solução para reduzir a fila de espera de cerca 2 milhões de pedidos de benefícios e defenderam a realização de concurso público.
Os atos ocorreram na última sexta feira (24), dia nacional dos aposentados, e tiveram como palavra de ordem a “defesa dos concursos e do serviço público”.
As ações são frutos da plenária da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (FENASPS), sendo comandado pelos sindicatos locais em cada estado. Em São Paulo, o ato foi realizado em frente à sede do Instituto, no viaduto Santa Ifigênia, região central da capital, que reuniu centenas de servidores.
“O INSS está vivendo um verdadeiro caos anunciado. A FENASPS, Federação Nacional de Sindicatos de Previdenciários, já vem denunciando desde 2014 que o INSS iria enfrentar o caos se não houvesse reposição do quadro de pessoal para realizar atendimento e concessão de benefícios. E os sucessivos governos nada fizeram para resolver este problema anunciado”, diz o sindicato.
Também foram realizados atos no Rio Grande do Sul, Paraná, Paraíba.
No Rio Grande do Sul, os servidores prestaram orientação aos usuários, já que uma decisão do governo federal define que os servidores apenas distribuam senhas para que o agendamento seja feito pela internet, o que tem sido criticado pelos próprios trabalhadores.
“Muita gente não tem acesso à internet, e mesmo quem tem encontra dificuldades com o sistema”, disse o diretor FENASPS, Daniel Emmanuelte.
Daniel afirma que a não abertura de concurso e as medidas de redução no número de funcionários do INSS levaram ao fechamento das agências, prejudicando milhões de pessoas.
O Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no Rio Grande do Sul (SindisprevRS) estima que hoje faltam 1,1 mil funcionários. “Esta agência era a que tinha mais fluxo e hoje está com cerca de dez funcionários”, afirmou Emmanuel, apontando para o local, na travessa Mário Cinco Paus, ao lado da Estação Mercado do Trensurb.
Sobre a proposta do governo de colocar os militares da reserva para cobrir a falta de contratação de servidores para repor o quadro de atendimento, Daniel diz que “por mais boa vontade que eles tenham, não têm conhecimento. Colocar militares para distribuir senhas não tem nexo, com eles ganhando 30% a mais e ainda tendo que passar pelo período de treinamento”.
Após um longo período de tensão, desde que o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou para a ilegalidade da contratação exclusiva de militares da reserva para tentar debelar a crise no INSS, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, anunciou que o Executivo deve editar uma medida provisória (MP) para a contratação de servidores aposentados.