
Cinco anos após ter divulgado a maior filtragem de documentos secretos da história, o ex-técnico da CIA, Edward Snowden, comemora o impacto da revelação de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos grampeia milhões de usuários na internet e nos telefones diariamente.
Snowden vazou para o jornal inglês “Guardian” a ordem secreta do tribunal secreto Fisa que ordenou o grampo geral de todos os 98,9 milhões de telefones da operadora Verizon por três meses, e também as 41 páginas de PowerPoint que revelam a existência do Programa Prisma, através do qual a NSA grampeia diretamente os usuários do Google, Microsoft, Facebook, Skype, Apple e mais quatro gigantes da internet, e ainda que o grampo atinge os EUA e o planeta inteiro.
“As pessoas dizem que não mudou nada, que ainda há vigilância massiva, porém as mudanças não se medem assim. Veja a situação prévia a 2013 e tudo o que passou. Tudo mudou”, declarou Snowden, que vive exilado na Rússia. “Me deu medo, porém ao mesmo tempo foi libertador. Tinha a sensação de que era algo definitivo. Já não havia volta atrás”, acrescentou.
Para Snowden, a mudança mais importante foi a tomada de consciência por parte da opinião pública. “O governo e o setor empresarial se aproveitaram de nossa ignorância, porém agora sabemos. As pessoas estão conscientes. Mesmo sem ter poder para detê-los, estamos tentando. As revelações fizeram com que a luta seja mais equilibrada”, frisou.
Importante acadêmico, especializado em segurança de informação e privacidade, Ross Anderson, avalia que Snowden cumpriu um papel trascendental. “As revelações de Snowden foram um destes momentos luminosos que mudam a forma como a gente vê as coisas”, explicou Anderson, professor de Engenharia de Segurança no laboratório informático da Universidade de Cambridge