Um comboio de cinco caminhões vindos da cidade de Bolívar, na Venezuela, chegou à capital do Amazonas, Manaus, na noite de terça-feira (19). A carga de 136 mil metros cúbicos de oxigênio será usada para aliviar a crise de desabastecimento do insumo elementar no sistema de saúde do estado, que vive uma situação de colapso em razão do agravamento da pandemia de Covid-19.
O governo da Venezuela, anunciou a doação do insumo na última semana, após um pedido de ajuda do governo do Amazonas. Atualmente, a demanda diária do estado é de cerca de 76 mil m³ de oxigênio hospitalar, mas as empresas fornecedoras não conseguem produzir mais de 28.200 m³ por dia, ou seja, há um déficit diário de aproximadamente 50 mil m³ de oxigênio.
Os caminhões com bandeiras venezuelanas foram recebidos pela população em meio a aplausos:
Ao confirmar a chegada, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza pediu que seja aprofundada a solidariedade na região em meio à pandemia. “Chegam agora a Manaus os primeiros caminhões com cilindros de oxigênio enviados pelo presidente Nicolás Maduro para enfrentar a crise de saúde causada pela pandemia de Covid-19. Verdadeira solidariedade! Ajuda humanitária real!”, escreveu Arreaza em sua conta no Twitter.
“Estamos aqui trazendo paz”, disse Patricia Silva, cônsul da Venezuela em Manaus, presente na chegada dos veículos.
Antes da chegada do comboio com tanques de oxigênio, o governador do estado venezuelano de Bolívar, Justo Noguera Pietri, participou de uma cerimônia de entrega na fronteira, com participação do senador Telmário Mota (PROS-RR).
Em nota, a Rama Brasil da Associação Americana de Juristas (AAJ), agradeceu o compromisso e o gesto humanitário do governo venezuelano com a chegada do oxigênio nesta terça-feira.
“A RAMA BRASIL da Associação Americana de Juristas AAJ, entidade fundada em 1975 com status consultivo no Conselho Econômico e Social da ONU, que tem dentre os seus objetivos a defesa da paz, dos Direitos Humanos e das garantias para a sua proteção, vem agradecer publicamente o gesto humanitário praticado pelos venezuelanos, representados por Vossa Excelência, consistente na doação de carregamentos de oxigênio, insumo fundamental para salvar as vítimas da COVID-19 no Estado do Amazonas”, disse a nota.
“Por esse grandioso gesto, a Rama Brasil da Associação Americana de Juristas (AAJ) registra sua imensa e eterna gratidão”, concluiu o juiz Jorge Luiz Souto Maior, presidente da filial no Brasil.
Entre outros casos para amenizar o caos na saúde em Manaus, também surgiu uma rede de solidariedade espontânea. Artistas como Whindersson Nunes, Bruno Gagliasso, Tatá Werneck, Luan Santana, Gusttavo Lima, Otaviano Costa, Fabíula Nascimento, o youtuber Felipe Neto e muitos outros se mobilizaram para comprar oxigênio para Manaus.
Os 50 cilindros chegaram em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), doados pelas celebridades. A população de Manaus também entrou na corrente de solidariedade e está nas portas dos hospitais doando comida, água e álcool em gel a parentes de vítimas da Covid-19 que ficam aguardando notícias nos hospitais.
MENOSPREZO E DESCASO
Mais uma vez, Bolsonaro mostrou seu completo desprezo pela vida dos brasileiros que morreram sufocados devido à falta de oxigênio no Amazonas.
O presidente, que ignorou o alerta dado pela Força Nacional do SUS para a crise de abastecimento de oxigênio, agora desdenha da ajuda venezuelana.
Aos seus seguidores no chamado “cercadinho” em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deve ter um realmente um grande coração, porque “ele tem 200 quilos”.
“Se o Maduro quiser oferecer pra gente, beleza, vamos receber, sem problema nenhum. Agora, ele poderia dar auxílio emergencial para o seu povo também. O salário mínimo lá não compra meio quilo de arroz”, disse Bolsonaro, o mesmo que atuou para impedir o auxílio emergencial aos brasileiros em meio à pandemia.