Raquel Dodge pede que Temer seja incluído no inquérito que investiga propina de R$ 10 milhões para o PMDB
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, decidiu prorrogar por mais 60 dias o inquérito sobre os portos, em que Michel Temer é investigado. Segundo o inquérito, Michel Temer recebeu propina ao beneficiar empresas do setor portuário, entre as quais a Rodrimar (leia mais), ao editar um decreto com medidas para o setor aqui. Saiba mais
O pedido para prorrogar o inquérito partiu da Polícia Federal e foi acatado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Barroso também abriu procedimento para investigar o vazamento de uma informação sigilosa, segundo a qual a procuradora Raquel Dodge teria recusado pedir a quebra de sigilo de Temer. A notícia foi dada pelo jornal “O Globo” e outros veículos de imprensa reproduziram.
Seja como for, a procuradora pediu também na terça-feira (27 de fevereiro) que Temer seja incluído no inquérito que apura a propina de R$ 10 milhões da Odebrecht para o PMDB. O pedido foi feito para o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. Trata-se do jantar realizado no Palácio do Jaburu em maio de 2014, quando, segundo testemunhos de executivos da Odebrecht, colaboradores da Justiça, como Cláudio Melo Filho, Temer fez o pedido de propina. Parte do dinheiro foi para bancar a campanha de Paulo Skaf, candidato a governador de São Paulo em 2014 pelo PMDB. Skaf é o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Também são investigados nesse inquérito os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
O então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avaliou na época da abertura do inquérito que Temer não poderia ser investigado por crimes cometidos anteriores ao mandato, segundo a Constituição, e não o incluiu no processo. Mas, agora, na petição a Fachin, Raquel Dodge manifestou discordância da interpretação de Janot. Segundo a procuradora, Temer só “não poderá sofrer responsabilização em ação penal enquanto durar seu mandato”, mas pode ser investigado.
“Considero necessário tratar da ampliação do rol de investigados neste inquérito para incluir o senhor presidente da República Michel Temer, por considerar que a apuração dos fatos em relação ao presidente da República não afronta” a Constituição, disse a procuradora-geral.