Corte julga denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Julgamento virtual vai até 21 de agosto. Deputada cometeu crime eleitoral às vésperas do segundo turno no ano passado
O Supremo Tribunal Federal (STF) registrou, na sexta-feira (11), três votos para tornar ré a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
A Corte julga denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a deputada bolsonarista após o episódio em que ela sacou arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A perseguição começou após Zambelli e Luan discutirem durante ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
FAVORÁVEIS AO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
Até o momento, o relator, ministro Gilmar Mendes, e os ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia votaram pelo recebimento da denúncia contra a deputada.
No voto proferido, o relator entendeu que há indícios suficientes para a abertura da ação penal contra Carla Zambelli. “Ainda que a arguida tenha porte de arma, o uso fora dos limites da defesa pessoal, em contexto público e ostensivo, ainda mais às vésperas das eleições, em tese, pode significar responsabilidade penal”, escreveu o relator, Gilmar Mendes.
O julgamento ocorre no plenário virtual do STF, modalidade na qual os ministros inserem os votos em sistema eletrônico e não há deliberação presencial. A sessão virtual vai até 21 de agosto.
ENTENDA A PATRANHA DE ZAMBELLI
A deputada bolsonarista é uma das mais aplicadas em falar e fazer bobagens. É também uma das mais devotadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Bolsonarista de primeira hora e uma das mais empedernidas seguidora do “mito”. Fato que incomoda até o próprio.
Às vésperas do segundo turno presidencial, em 29 de outubro de 2022, depois de bate-boca com eleitor do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a deputada e os seguranças dela saíram em perseguição ao eleitor de Lula pelas ruas de bairro nobre da capital paulista.
De arma em punho, com os seguranças, um deles chegou inclusive a disparar um tiro, a deputada perseguiu o eleitor, que entrou num bar cheio de clientes, quando a deputada o alcançou e o fez se ajoelhar, com a pistola apontada para ele, e o obrigou pedir desculpa.
Foi uma cena dantesca, que ganhou o mundo. O “mito”, por essa razão, a responsabiliza pela derrota nas urnas, em outubro passado.
PROCESSOS CONTRA A BOLSONARISTA
A deputada é alvo de ações no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e no STF.
Na Justiça Eleitoral, ela responde ao menos 4 processos. Caso seja condenada, Zambelli pode perder o mandato e ficar inelegível pelos próximos 8 anos, em razão de comportamentos indevidos nas eleições do ano passado.
Em duas ações, Zambelli é acusada de ter participado de “ecossistema de desinformação bolsonarista”, que tinha como principal objetivo “usurpar” temas do “debate público”.
Os inquéritos apontam que existiam vários perfis em redes digitais trabalhando para a disseminação em massa de mentiras e aqdesinformações contra a candidatura do então presidenciável Lula e o sistema eleitoral e em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
M. V.