O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu prazo de 30 dias para a Polícia Federal concluir a perícia nas imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto na apuração da conduta de agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o ataque terrorista do dia 8 de janeiro.
Câmeras flagraram parte dos agentes conversando e até entregando água para os invasores.
Até agora, a PF só concluiu uma perícia inicial das imagens. Ao todo, são 4.410 horas de gravação.
Quando parte das imagens foram divulgadas, primeiro pela CNN e depois pelo STF, que quebrou o sigilo, o GSI abriu uma sindicância para investigar a postura dos agentes que estavam agindo de forma amigável com os criminosos.
Alexandre de Moraes determinou que o GSI deve enviar para a PF os dados que já foram colhidos com essa sindicância.
No dia do atentado golpista, parte da equipe do GSI ainda era composta por militares indicados pelo general Augusto Heleno, muito próximo a Jair Bolsonaro.
A PF já colheu o depoimento dos agentes a fim de aferir suas “condutas individuais”.
Para Moraes, aqueles que “foram coniventes ou deixaram de exercer suas atribuições legais” devem ser identificados e responsabilizados.
Depois da divulgação das imagens, o chefe do GSI, Gonçalves Dias, pediu demissão.
Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, assumiu o órgão com a missão de exonerar os agentes que tinham sido deixados pela gestão de Augusto Heleno. Pelo menos 87 funcionários foram exonerados.
O presidente Lula indicou para comandar de forma efetiva o GSI o general Marcos Antonio Amaro.
Em entrevista, Amaro afirmou que Augusto Heleno “arranhou” a institucionalidade do GSI ao tornar o órgão um braço de Jair Bolsonaro.
“O general Heleno já estava há dez anos fora [do Exército]. Quando veio para cá, já veio com essa carga política, já tinha feito campanha para Bolsonaro. Ou seja, ele veio realmente já assim desconstruindo um pouco essa institucionalidade que tem o GSI”, apontou.