
Ao menos 140 ônibus foram depredados, em menos de 10 dias, na região metropolitana de São Paulo. De acordo com a Prefeitura, foram 78 veículos danificados apenas na capital paulista, entre 12 e 15 de junho. Além disso, outros 57 foram atacados na região metropolitana, do dia 8 ao 17 deste mês. As informações são do portal Diário do Transporte.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os casos foram encaminhados à 6ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A Polícia Civil tenta identificar e prender os envolvidos. O gestão do governador Tarcísio de Freitas (Reprublicanos), no entanto, não se manifestou sobre a onda de ataques aos ônibus.
Em nota, a Secretaria de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT), da Prefeitura de São Paulo, e a SPTrans informaram, nesta quinta-feira (19), que há quatro dias não há registro de ônibus vandalizados na cidade de São Paulo. “As pastas repudiam os atos de vandalismo que prejudicam a população”, apontou a administração municipal.
As concessionárias afetadas anteriormente foram Santa Brígida, Gato Preto, A2, Pêssego, Ambiental, Transpass, Metrópole Paulista, Transunião, Express, Via Sudeste, Mobibrasil e Campo Belo nas regiões Norte, Leste e Sul da capital.
As operadoras são responsáveis pela manutenção e reparo dos veículos. Devido ao alto número de casos de depredação registrados recentemente, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) reforçou o patrulhamento nas regiões das ocorrências, com viaturas da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
O governo de Tarcísio de Freitas tem enfrentado crescentes críticas pelo abandono da segurança pública em São Paulo, evidenciado pelo aumento da violência policial e pela deterioração dos indicadores de segurança. Pesquisas recentes mostram que 37% da população avalia negativamente a gestão de Tarcísio nessa área, um aumento significativo em relação aos 31% registrados em abril de 2024. Além disso, mortes decorrentes de intervenções policiais subiram 62% entre 2023 e 2024, com 813 casos no último ano, muitos envolvendo vítimas jovens e inocentes 19. Esse cenário de descontrole e impunidade criou um ambiente propício para o aumento da criminalidade, incluindo os recentes ataques a ônibus na região metropolitana.
Os ataques a ônibus refletem a fragilidade da segurança pública sob a gestão de Tarcísio e seu secretário Guilherme Derrite. Apesar das promessas de investimento em tecnologia e policiamento, como o programa de câmeras corporais, o governo cortou R$ 98 milhões da pasta da Segurança Pública em 2023, incluindo R$ 15 milhões destinados à expansão desses equipamentos. A falta de uma estratégia eficaz e a descoordenação entre as forças policiais deixaram a população e o transporte público vulneráveis a ataques organizados, como os registrados em Diadema, São Bernardo do Campo e na capital paulista.
Enquanto isso, a população sofre com a escalada da violência, seja pela ação desmedida da polícia ou pela incapacidade do governo em conter ataques criminosos, como os vandalismos contra ônibus. A ausência de respostas concretas e a priorização de interesses políticos sobre a segurança dos cidadãos reforçam a percepção de que o governo abandonou sua responsabilidade nessa área essencial.
PROTESTOS POR SEGURANÇA
Motoristas de ônibus, tanto da capital como do ABC, afirmaram que se os atos contra os veículos continuarem desta forma, vão realizar protestos e paralisações, especialmente à noite, independentemente de ação sindical, porque dizem estar desamparados por empresas e até mesmo os sindicatos que representam os trabalhadores.
A diretoria do sindicato que representa os condutores de São Paulo disse que repudia os ataques contra os coletivos e não descarta ações da entidade sobre o problema. Os ataques deixam motoristas e passageiros reféns, sem reação e até em desespero.
Em um dos casos de vandalismo, uma pedra de grandes dimensões atravessou a janela e quase atingiu a cabeça de dois usuários que estavam sentados, tanto o motorista como os demais passageiros, sequer conseguiram entender o que estava acontecendo de fato, o que aumentou ainda mais a sensação de desespero e de vulnerabilidade.