O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou, em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo” desta terça-feira (04), que vê os atuais ocupantes do Planalto como um governo com “um desconhecimento inédito da coisa pública”. “Todo governo procura estabilidade e a oposição tenta desestabilizar. Mas, aqui, o próprio governo cria crises para desestabilizar e cria um clima que não é propício ao investimento, que é fundamental”, acrescentou o experiente parlamentar.
“O sistema político que estamos vivendo ficou torto e falido, não serve mais. É crise após crise”, destacou o tucano, que é defensor do parlamentarismo. “Não tem clima mais para impeachment, e essas questões de um mau governo ou de um desgoverno levam à crise institucional”, avaliou.
“E ainda tem essa influência dos filhos (de Bolsonaro) de uma maneira negativa para o próprio governo, que cria um atrito e desestabiliza, que é contra o governo”, prosseguiu o parlamentar tucano.
“Eu nunca vi isso. Ele (Bolsonaro) se complica muito se mantiver essa visão retrógrada em relação à liberdade das pessoas e suas opções de vida e manifestação de opiniões”, destacou o parlamentar.
“É tão novo para mim quanto para um garoto de 18 anos que está chegando agora. Bolsonaro ainda não conseguiu cair a ficha de que ele é o presidente da República e é preciso estabilidade”, observou.
Ao comentar a atuação do atual Ministro da Educação, Abraham Weintraub, Jereissati, que é do partido que dirigiu a pasta por muito tempo, não poupou críticas ao titular de Bolsonaro.
“Eu pensei até que era brincadeira quando vi o ministro (Abraham Weintraub) cantando o musical de Gene Kelly. Isso é uma coisa que leva a uma frustração muito grande a quem está preocupado com o País. Dá um certo desânimo. A sensação que temos é de uma educação parada”, afirmou o ex-governador.
Apesar de não perceber ainda inteiramente que a reforma da Previdência de Bolsonaro e Paulo Guedes – que o tucano ainda apoia -, o senador Tasso Jereissati reconhece que é urgente o país voltar a crescer e criar empregos. A reforma do governo vai em sentido contrário.
A redução das aposentadorias, o prolongamento da idade mínima e o corte nos benefícios vão prejudicar milhares de municípios, principalmente no Nordeste do senador, onde a principal renda que movimenta a economia local vem da Previdência Social.
“Precisamos ter a condição necessária para fazer as coisas acontecerem. Pode passar a reforma da Previdência, (mas), se não houver um clima de estabilidade e confiança, vamos continuar com os mesmos problemas”, avaliou.