O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todos os atos e provas da Lava Jato contra o empresário Raul Schmidt Felippe Júnior, acusado de intermediar o pagamento de propina para ex-diretores da Petrobrás, em extensão de suas decisões que já beneficiaram outros corruptos confessos.
Raul Schmidt Felippe Júnior passou a ser alvo da Lava Jato em 2015 por suspeita de operar o pagamento de propina ao ex-diretor da Petrobrás Jorge Luiz Zelada, em um contrato de US$ 1,8 bilhão.
O lobista Hamylton Pinheiro Padilha contou em sua delação premiada sobre a participação de Raul Schmidt Felippe Júnior no esquema criminoso.
Segundo o delator, Raul tinha o contato e os caminhos para entregar a propina para Zelada. Dos US$ 15,5 milhões inicialmente combinados, foram pagos US$ 10,8 milhões em propina à quadrilha. Metade ficou com Raul, segundo Hamylton Padilha.
Tendo nacionalidade brasileira e portuguesa, Raul Schmidt foi preso em Lisboa em 2016.
Em 2023, o juiz Eduardo Appio, que assumiu a Lava Jato, o absolveu das acusações ao desconsiderar os dados bancários enviados pelo Ministério Público de Mônaco que comprovaram o pagamento de propina.
Schmidt ainda responde por organização criminosa e lavagem de dinheiro em outros dois casos.
Dias Toffoli decidiu anular os atos e provas contra Raul Schmidt e apontou supostas ilegalidades na conduta da Lava Jato, mesma argumentação com a qual liberou Marcelo Odebrecht e outros criminosos.
O ministro escreveu que o STF “tem funcionado como verdadeiro anteparo às ilegalidades praticadas por determinados juízes e procuradores de Curitiba, bem como para conter a tentativa de tomada do Poder Judiciário e do Ministério Público Federal para a realização de projetos pessoais”.