Bolsonarista tenta, com isso, esconder seu envolvimento golpista
O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de permanecer em silêncio durante seu depoimento à CPI que investiga os atentados do dia 8 de janeiro.
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que corre na Câmara Legislativa do Distrito Federal quer o depoimento de Anderson Torres para que ele explique a desmobilização total das tropas de segurança diante da invasão terrorista nas sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Inicialmente, o depoimento do ex-ministro da Justiça está marcado para o dia 9 de março, na quinta-feira.
Na quarta-feira (1), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, negou um pedido de liberdade de Anderson Torres.
Anderson Torres está preso desde 14 de janeiro, quando se entregou ao voltar do Brasil de uma viagem que fez para os Estados Unidos no dia 7 de janeiro, um dia antes do atentado terrorista. Ele já prestou depoimento à Polícia Federal e diz que por isso não precisa se explicar na Câmara Legislativa do DF.
EX-SECRETÁRIO EXECUTIVO
O delegado da PF e ex-secretário executivo da Segurança Pública do DF, Fernando de Sousa Oliveira, contou à CPI dos Atos Antidemocráticos que Anderson Torres viajou para os EUA deixando a Secretaria totalmente despreparada para defender a Praça dos Três Poderes.
“Eu não fui apresentado nem ao governador nem aos comandantes das forças. Com a viagem dele, eu assumiria oficialmente a secretaria na segunda-feira [dia 9 de janeiro]. E a partir daí se iniciariam as apresentações oficiais”, contou. No entanto, Anderson Torres abandonou o cargo no dia 7 de janeiro.
Segundo Fernando Oliveira, Anderson Torres disse que deixaria um protocolo assinado para impedir o atentado terrorista, mas isso não aconteceu.
“Eu me senti impotente. (…) Não houve resistência à invasão. Eu posso dizer que houve uma certa passividade [por parte da PM-DF]. Isso vai ser apurado por meio do inquérito policial, o que ocorreu de errado na execução. É notório que havia passividade de alguns policiais”, relatou.
Para ele, “o grande questionamento é por que o departamento de Operações da Polícia Militar não executou o que foi acordado no PAI [Plano de Ações Integradas]”.
Durante as investigações, a Polícia Federal encontrou na casa de Anderson Torres a minuta de um decreto presidencial que instalaria um “estado de defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular o resultado das eleições presidenciais.