Após a votação do Dissídio Coletivo dos trabalhadores dos Correios no Tribunal Superior do Trabalho (TST), os sindicatos da categoria nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro realizaram assembleias para avaliar as decisões da Justiça e decidir sobre os próximos rumos do movimento, nesta segunda-feira (21).
Os trabalhadores aprovaram o acordo e encerraram a greve, que durou cerca de um mês e foi considerada histórica pela categoria.
No julgamento, o Tribunal manteve 29 cláusulas do acordo coletivo de trabalho (ACT), enquanto a empresa queria que fossem apenas 9. Conforme decisão do Tribunal, a greve foi considerada não abusiva. O Tribunal determinou também reajuste salarial de 2,6%.
Em São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores da ECT (Sintect-SP) reuniu a categoria em assembleia virtual para avaliar os resultados do julgamento do ACT e decidir os próximos passos. Em votação, 699 trabalhadores votaram a favor de cumprir a determinação do TST de retornarem ao trabalho, enquanto 671 votaram pela manutenção da greve.
O julgamento, que durou toda a tarde, manteve importantes cláusulas do acordo coletivo anterior, dispositivos esses que já não estavam sendo pagos pela diretoria da empresa desde o início de agosto, como a obrigatoriedade de pagamento do vale-alimentação e de parte do plano de saúde pela empresa.
Os trabalhadores enfatizaram na discussão a importância da combatividade desta greve que, ainda que não tenha vencido por completo a batalha contra a ofensiva bolsonarista de ataques aos direitos da categoria, impôs uma derrota considerável à direção da empresa e ao governo Bolsonaro.
“Parabéns pela luta, pela resistência, e coragem que todos tiveram e têm na nossa categoria dos Correios. Estamos com um governo que quer acabar conosco, mas não vai conseguir. Eu acredito na vitória. Subimos um degrau e vamos subir novamente e reconstruir a categoria. Nós não perdemos, mas sim, aprendemos, e acredito que iremos nos reorganizar e dar a volta por cima novamente. Somos uma categoria de luta, que enverga mas não quebra”, afirmou Elias Diviza, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sintect-SP) e da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect).
A empresa apresentou a proposta de 9 cláusulas, mas o Tribunal manteve o ACT com 29 cláusulas. Ainda conforme a proposta da empresa, o plano de saúde seria facultativo, mas a defesa dos sindicatos conseguiu alterar essa pretensão de maneira que o TST obrigasse a estatal a oferecer um plano de saúde a seus trabalhadores.
O mesmo aconteceu com o vale-alimentação. No momento em que a alta do preço dos alimentos é tema de preocupação para os setores mais vulneráveis da sociedade, a empresa queria, na redação que apresentou, que fosse uma cláusula facultativa em que ela poderia ou não conceder o vale-alimentação. Contudo, o Tribunal Superior do Trabalho determinou a obrigação do pagamento do vale.
No Rio de Janeiro, a categoria decidiu também pelo retorno às atividades, cumprindo com a determinação da Justiça do Trabalho. Dos trabalhadores que participaram da votação online, 149 votaram pelo retorno às atividades e 102 pela continuidade da greve, com mais 17 abstenções.
Outros sindicatos da categoria devem realizar suas assembleias nesta terça-feira (22).