
Após proposta dos Correios de reajustar os salários abaixo da inflação e cortar direitos, os trabalhadores da estatal se reuniram e decidiram, em 16 assembleias, por rejeitar o arrocho. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FENTECT), caso a proposta e a postura da empresa não sejam alteradas, os trabalhadores deverão recorrer à greve para garantir seus direitos.
A proposta, apresentada em reunião de negociação entre a diretoria dos Correios e o Comando de Negociação dos trabalhadores, realizada no dia 17, prevê um reajuste de 1,58%, que, frente a um Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) girando em torno de 2,64%, significa que somente 60% da inflação seriam repostos. “Na prática, não tem reajuste. E pra piorar, se comparar os Correios com as demais estatais, é a empresa que pior paga seus trabalhadores”, disse o dirigente da FENTECT, José Rivaldo, em entrevista ao HP.
Nos planos dos diretores da empresa também está o corte do adicional noturno, diminuindo em 3 horas o tempo a ser considerado como “noturno” e o percentual a ser adicionado, de 60% para 20%, além de “alterar a regra de fornecimento de Vale Alimentação e dos Planos de Saúde e retirar o Vale Cultura, que é um programa que a empresa tem adesão junto ao governo federal”, segundo José.
Segundo a Federação, até o momento já rejeitaram a proposta as assembleias realizadas no Acre, Amazonas, Bahia, Campinas, Minas Gerais, Santa Maria, Santa Catarina, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Vale do Paraíba, Uberaba, Santos, Espírito Santo e Rondônia, mas outras ocorrerão até o fim do mês, garantindo ainda maior adesão dos trabalhadores.
Os trabalhadores estão tentando resolver a situação através do diálogo e das negociações. Porém, “a negociação está travada. Caso a empresa não mude de proposta e de postura, a tendência é que a gente se encaminhe para uma grande mobilização seguida de uma greve”, afirmou o dirigente sindical.
Para os trabalhadores, há uma contradição entre os argumentos utilizados pela empresa e a realidade. Enquanto o ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), afirma que a estatal obteve, em 2017, um lucro de R$ 667 milhões, os diretores da mesma dizem que ela passa por péssima situação financeira, o que, na cabeça deles, justifica arrochar o salário dos trabalhadores e retirar seus direitos.