Convocados pela União Sindical de Base (USB) da Itália, milhares de trabalhadores realizaram uma greve geral de 24 horas na sexta-feira (26) e tomaram as ruas para exigir “o fim das desigualdades, da precariedade e dos gastos militares em detrimento das áreas sociais”. Desde fevereiro, em apoio às populações turca, síria e curda, abaladas por terremotos, a USB tem exigido que o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni “congele todos os enormes recursos financeiros destinados pela Itália ao teatro de guerra na Ucrânia” e invista na solidariedade.
Os manifestantes alertaram para “as pesadas responsabilidades dos trabalhadores, sem níveis de segurança adequados, com fortes penalizações salariais que agravam ainda mais as condições da atual crise econômica e do custo de vida”.
As reivindicações centraram-se na defesa do aumento real dos salários para fazer frente ao crescente custo de vida, um salário mínimo de 10 euros à hora e maior segurança, através da introdução do crime de homicídio no trabalho para os empregadores que burlarem a legislação.
Com participação de destaque, os transportistas ferroviários, marítimos e de táxi paralisaram o país contra as “selvagens privatizações”, enquanto “milhões sofrem com o agravamento das condições de trabalho”. Com exceção de Emilia-Romagna, que se encontrava em estado de emergência devido às chuvas, a greve unificou a categoria em todas as regiões.
Diante da inflação crescente – ocasionada pela submissão do governo às sanções contra a Rússia – os transportistas denunciaram que vêm sofrendo um brutal arrocho no seu poder aquisitivo, uma “austeridade” imposta para os de casa, que obriga o conjunto das categorias a levantar a voz e dizer não.
“O panorama social é muito preocupante”, face “às condições de segurança do trabalho cada vez mais deterioradas”, assinalaram os manifestantes, apontando que “os direitos sociais consagrados na nossa Carta Constitucional foram dilacerados, como o direito à saúde, o direito à habitação e o direito à educação pública”.
Para o dia 24 de junho, a USB anunciou uma grande manifestação nacional em Roma contra o governo Meloni, do partido direitista Fratelli d’Italia, e sua política belicista e de arrocho.