
Uma tragédia provocada durante a instalação de uma rede de telefonia na cidade de Parauapebas, no Pará, matou ao menos nove trabalhadores rurais do assentamento Terra e Liberdade, do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto), e três funcionários da empresa. Até o momento, 37 pessoas foram socorridas, algumas com queimaduras e outras por terem inalado muita fumaça, mas já foram liberadas.
Segundo o MST, até agora, a empresa G5 Internet não deu nenhuma assistência aos moradores. “Ainda não temos contato direto com a empresa e ela também ainda não nos procurou”.
Conforme informações da direção do MST, a empresa de telefonia ofereceu serviços a alguns acampados e a instalação se estendeu durante toda a tarde de sábado (9). Ao anoitecer, mesmo sendo alertados pelos moradores das condições inadequadas para realizar o trabalho devido ao horário avançado, os operadores seguiram com a instalação.
Na última parte do serviço, por volta de 20h, ao tentar fixar uma antena, o equipamento entrou em contato com a rede de alta tensão de energia elétrica, o que provocou uma explosão e, em seguida, incendiou toda a fiação de internet. Alguns barracos pegaram fogo e foram totalmente destruídos pelas chamas, e a cerca que faz a circunferência dos assentados também pegou fogo.
“Quando chegou a noite, os moradores pediram que interrompessem o trabalho e voltassem ao trabalho no outro dia, mas eles não pararam. Eles estavam completamente desprotegidos, só tinham a escada como recurso. Em uma habitação de resistência, temporária, houve uma combinação vulnerável a ocorrer a situação”, disse Beatriz Luz, integrante da direção estadual do MST.
Pablo Neri, também integrante da direção nacional do MST, afirma que “o que aconteceu de fato é que uma empresa de internet na metodologia por meta, com o mínimo de padrão e segurança, colocou em risco a vida de seus trabalhadores e provocou essa tragédia”.
Os Bombeiros e o Samu foram acionados pela coordenação do MST. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi totalmente controlado. A situação é acompanhada pela Secretaria Municipal de Segurança Institucional e Defesa do Cidadão (Semsi), por meio da Defesa Civil de Parauapenas, o Instituto Médico Legal (IML), o Corpo de Bombeiros e as polícias Militar e Civil.
Em nota, a direção do movimento declara ainda todo apoio às famílias “que seguem na permanência da luta pela terra e melhores condições dignas de vida no campo”.
“Infelizmente a tragédia é muito maior do que a gente imaginava. São pelo menos nove mortos, mas ainda podem ser encontradas mais pessoas porque a corrente de energia se espalhou pela seca, e já encontramos pessoas em vários lugares do acampamento. É muito triste”, disse o prefeito de Parauapebas, Darci José Lermen.
De acordo com dados do Incra, mil famílias estão acampadas no local, de forma temporária, totalizando cerca de 2.500 pessoas.