Parlamentares da base do governo chegaram a pedir a prisão de Silvinei Vasques por falso testemunho. Presidente da CPI afirmou não ver fundamento para medida drástica. Silvinei mentiu sobre o efetivo no Nordeste, processos administrativos e emprego em fornecedora da PRF
Primeira testemunha a depor na CPI do Golpe, o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Silvinei Vasques, foi acusado de mentir durante a sessão desta terça-feira (20) e teve a prisão pedida por parlamentares da base do governo.
O Código Penal prevê a detenção em flagrante de depoentes — testemunhas, que têm a obrigação de falar a verdade —, que dão falso testemunho em comissões de inquérito.
Acompanhado de dois advogados e apoiado pelos senadores e deputados da oposição, Vasques retificou algumas das declarações que fez, mas negou ter faltado com a verdade. O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), entendeu que não havia fundamento para decretar a prisão dele.
Leia abaixo os momentos em que Silvinei, aliado de Bolsonaro, foi acusado de falso testemunho:
EFETIVO NO NORDESTE
No dia do segundo turno das eleições de 2022, a PRF fiscalizou 2 mil ônibus na região Nordeste e 571 no Sudeste. Esse direcionamento de blitze em rodovias de Estados do Nordeste levou a PF (Polícia Federal) a investigar se os bloqueios tinham finalidade política, de impedir a circulação de eleitores, sobretudo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Levado à CPI para dar esclarecimentos sobre essas suspeitas, Vasques classificou a acusação como a “maior injustiça da história” e explicou que o elevado número de operações no Nordeste ocorreu devido à “maior infraestrutura” da corporação na região.
“O que se falou muito é que a PRF, no segundo turno da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro. Isso não é verdade, porque o Nordeste brasileiro é o local em que nós temos nove estados, nove superintendências. Temos a maior estrutura da PRF no Brasil (…) Nos Estados do Nordeste também se encontra hoje lotado, há muito tempo, o maior efetivo da instituição”, afirmou o ex-diretor.
A declaração foi rebatida pela deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que apresentou dados repassados pela atual gestão da PRF:
“Não é verdade, dr. Silvinei. O seu maior efetivo está no Sudeste. Eu peguei o quadro aqui, eu mesma somei. O efetivo está maior no Sudeste, não está no Nordeste. Isso não é verdade. O quadro está aqui, eu posso lhe repassar. (…) Portanto, os seus dados não são verdadeiros”, afirmou a deputada, que é líder do PCdoB na Câmara.
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
Durante o interrogatório da relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o ex-diretor da PRF afirmou não ter conhecimento de “nenhum” processo administrativo que ele respondeu na corporação — mais precisamente, 8 sindicâncias foram abertas contra ele que foram colocadas em sigilo durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu nunca fui notificado de nenhum processo administrativo pela PRF”, disse ele num primeiro momento. Depois, ao ser interpelado novamente pelo presidente da CPI, Vasques fez a seguinte retificação:
“Os processos, que já estão encerrados, naturalmente eu respondia. No entendimento que eu tinha é que ela [Eliziane Gama] estava falando de novos processos. Ocorre que a relatora não perguntou sobre “novos processos”. Ela, então, pediu que o deputado Arthur Maia tomasse atitude em relação à declaração falsa.
O presidente da CPI classificou o episódio como “erro de comunicação” e decidiu não optar pela medida mais drástica, que seria a prisão do depoente por falso testemunho.
“É lamentável a forma que o senhor respondeu. (…) Ele retificou a resposta dele, e eu entenderei essa retificação como tendo ele sanado a sua falha”, afirmou o deputado.
EMPREGO EM FORNECEDORA DA PRF
Durante a reunião, Vasques também foi acusado de mentir ao declarar que nunca foi contratado pela empresa Combat Armor. A companhia foi contratada durante a gestão dele para fornecer veículos blindados à corporação em negócio de mais de R$ 36 milhões.
O contrato virou alvo de investigação do MPF (Ministério Público Federal).
Vasques admitiu que esteve na empresa apenas para pedir emprego, mas não conseguiu.
“Estou desde o dia que me aposentei procurando emprego. Estive nessa empresa, estive em mais de 10 empresas. Estou à procura de emprego, à disposição, ainda não consegui. As que quiseram me dar emprego não atenderam às minhas expectativas, mas assim que eu tiver uma oportunidade, com certeza, vou trabalhar”, afirmou.
O deputado Rogério Correia (PT-MG), por sua vez, confrontou o ex-diretor, dizendo ter provas de que ele trabalhou para a empresa. Segundo ele, Vasques chegou a morar por 2 meses em Indaiatuba (SP), cidade onde fica a sede da Combat Armor. Ele ainda perguntou sobre o cartão de visitas em que Vasques era apresentado como “vice-presidente” da companhia.
Vasques negou a informação, dizendo que “não conhece quem fez aquele material”, mas admitiu ter estado em Indaiatuba. “Como em várias cidades da região”, completou.
M. V.
ESSAS CPI´S NÃO SERVEM PARA NADA, A NÃO SER ATRAPALHAR O PAÍS. RASGAM O DINHEIRO PÚBLICO,DISCUTEM,PERGUNTAM, BRIGAM,SÃO DESMORALIZADOS PELOS ENVOLVIDOS E NADA ACONTECE COM OS MESMOS.