![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2019/04/mais-médicos-falta.jpg)
A promessa de que as vagas do programa Mais Médicos em regiões inóspitas seriam ocupadas por médicos brasileiros após a saída dos profissionais cubanos não se sustentou. Em apenas três meses 1.052 médicos que se apresentaram para ocupar as vagas abandonaram o trabalho, deixando a população à deriva.
O número foi confirmado pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (4) e equivale a 15% das vagas disponibilizadas pelo governo federal, preenchidas por médicos brasileiros após a saída de Cuba do programa em novembro de 2018.
Além desses, a previsão era que outros 1.397 médicos, todos brasileiros formados no exterior, iniciassem atividades até o fim da última semana. O balanço dessas adesões ainda não foi divulgado.
Segundo o ministério, o tempo médio de permanência dos dois primeiros grupos de profissionais variou de uma semana a três meses. Os principais motivos relatados aos municípios para a saída foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização e de residência médica.
Um edital foi aberto ainda em novembro para ocupar as 8.517 vagas deixadas pelos cubanos no programa. No total, 7.120 vagas foram preenchidas por brasileiros formados no Brasil. As vagas remanescentes foram, então, oferecidas a médicos formados no exterior, que deveriam ter se apresentado aos seus postos de trabalho entre os dias 28 e 29 de março. As 8.517 vagas foram distribuídas por 2.824 municípios e 34 distritos indígenas.
Segundo o Ministério da Saúde, ainda está sob análise a oferta dessas vagas em um novo edital. Do total de 1.052 desistências, 14 foram em distritos indígenas. São Paulo é o estado com o maior número de vagas abertas (181), seguindo de Bahia (11) e Minas Gerais (104).
Ainda, segundo os dados, o perfil com maior volume de saídas é o de cidades com 20% ou mais da população em extrema pobreza, sendo 324 desistências, ou 31% do total. Em seguida estão capitais e regiões metropolitanas, com 209 desistências, ou 20%.
PROBLEMAS
Diversos estados relataram a desistência de profissionais do Mais Médicos. Em Santa Catarina, oito médicos que atuavam nas unidades básicas de saúde pediram demissão. Muitos deixam o programa para fazer residência.
Em Uberaba (MG), seis médicos pediram demissão pelo mesmo motivo e deixaram de atender as Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Dessa mesma forma, em Embu-Guaçu (SP), oito vagas do Mais Médicos abertas após a saída dos cubanos não têm médico. Destas, quatro chegaram a ser ocupadas, mas foram alvo de desistências.
“Uma das vagas foi de uma médica que apareceu só um dia e não veio mais. Outros três saíram para fazer residência médica”, relata a secretária municipal de saúde, Maria Dalva dos Santos.
Leia mais: