
O ex-primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, foi indiciado na quarta-feira (4) em um tribunal em Kuala Lumpur por corrupção no fundo soberano 1MDB, apenas oito semanas após perder uma eleição em que esse foi o grande tema e trouxe de volta ao poder o veterano líder Mahathir Mohamad. Segundo a acusação, 42 milhões de ringgits (US$ 10,4 milhões) foram desviados do fundo estatal para contas de Razak.
Razak, cuja prisão fora decretada na véspera, pagou fiança equivalente a US$ 274 mil e entregou o passaporte. Ele asseverou ser “inocente”. Ao vasculhar suas mansões, a polícia encontrou quase 12.000 jóias, centenas de bolsas de alto luxo e 423 relógios, além de US$ 28,8 milhões em espécie, em 26 moedas. As investigações atingem ainda sua esposa e uma enteada. O 1MDB foi criado por ele em 2009 e acumulou dívida de mais de US$ 10 bilhões.
Desde 2015, vêm se acumulando as acusações de corrupção, que Razak fez de tudo para abafar. De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, o total desviado do fundo 1MDB é de US$ 4,5 bilhões. Em sua campanha, Mahathir chamou Razak de “ladrão”. Este foi indiciado por abuso de poder e três acusações de violação criminal de segurança, cada uma das quatro com penas de prisão de até 20 anos. O julgamento foi marcado para 18 de fevereiro do próximo ano.
A Comissão Anti-corrupção da Malásia continuará suas investigações. As acusações desta quarta-feira estão relacionadas apenas a fundos de cerca de 42 milhões de ringgits (US$ 10,4 milhões) que supostamente saíram da SRC International, uma subsidiária do 1MDB, para a conta bancária pessoal de Najib. O SRC foi o foco inicial dos investigadores malaios porque todas as transações suspeitas passaram somente por entidades malaias, ao contrário de outras transações relacionadas ao 1MDB que passaram por bancos e empresas estrangeiras em seis países.
Uma força-tarefa que analisa o 1MDB disse em um comunicado que 408 contas bancárias envolvendo fundos de cerca de 1,1 bilhão de ringgit (US$ 272,4 milhões) haviam sido congeladas. As contas congeladas incluíam as de 81 indivíduos e 55 empresas, que se acredita terem recebido fundos do 1MDB, em quase 900 transações entre março de 2011 e setembro de 2015. “Acredita-se que as contas estejam ligadas à apropriação indébita e uso indevido dos fundos do 1MDB”, disse a força-tarefa.