
Alegando estar ‘à procura de membros do Hamas’, forças nazi-israelenses detiveram, despiram e levaram a interrogatório mais de 100 civis palestinos
As tropas israelenses prenderam mais de 100 palestinos, incluindo um jornalista, os deixando sem roupa no meio da rua enquanto interrogavam cada um para “verificar” quais eram membros do Hamas, em Beit Lahia, Faixa de Gaza.
O portal The New Arab informou que um de seus jornalistas, Diaa Al-Kahlout, e familiares foram presos em uma das ruas da cidade. O caso ocorreu na quinta-feira (7).
“Al-Kahlout estava entre dezenas dos moradores de Gaza presos pelas forças israelenses, foram forçados a tirar as roupas e foram revistados e humilhados antes de serem levados para um local desconhecido, de acordo com relatos de testemunhas oculares”, afirmou o The New Arab.
O jornal disse que não tem contato com Diaa Al-Kahlout desde pouco antes de sua prisão. A irmã do jornalista contou que ele foi forçado, sob a mira de uma arma, a deixar sua filha de sete anos.
Alguns dos presos já foram liberados, mas não se sabe o paradeiro de outros, como Diaa Al-Kahlout.
O jornalista Alan Fisher, da Al Jazeera, conversou com testemunhas e ouviu que entre os presos estava “um estudante, o dono de uma loja local” e outros moradores do bairro.
Familiares reconheceram nas imagens crianças de 13 anos entre os detidos, que tiveram que ficar sem roupa e ajoelhados. Até mesmo trabalhadores da ONU foram identificados, mas não houve confirmação da agência.
Outras fotos mostram que os soldados israelenses renderam dezenas de homens e os deixaram somente de cueca e com uma venda sobre os olhos.
Em matéria divulgada pelo jornal Haaretz, Hagari, porta-voz da força israelense se contradiz ao afirmar primeiro que “dezenas de elementos do Hamas se renderam” e ao final de sua declaração que os detidos tiveram “foram interrogados e tiveram documentos investigados”, para localizar os que pertenciam aos quadros do Hamas.
ULTRAJE MUDIALMENTE CONDENADO
A organização de direitos humanos Euro-Mediterranean Human Rights Monitor, sediada na Suíça, ouviu de testemunhas que o Exército de Israel assassinou pessoas que se recusaram a se despir e a “cumprir as ordens humilhantes do exército”.
O presidente do movimento United Voices for America, Ahmed Bedier, falou que essa é uma forma “de humilhar, é uma guerra psicológica, destinada a quebrar o povo palestino e dizer-lhe que nenhum lugar é seguro, incluindo abrigos”.
Outra organização que atua em defesa dos direitos humanos, com sede na palestina Cisjordânia, a Al-Haq, também denunciou o caso. O diretor da organização, Shawan Jabarin, disse que “isso é desumano, equivale a tortura e, mais do que isso, é um crime de guerra e um crime contra a humanidade”.
Nas redes sociais, o tratamento dado pelo Exército de Benjamin Netanyahu tem sido comparado com o das tropas de Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Em dois meses, Israel já assassinou mais de 17 mil palestinos, sendo que cerca de 7 mil eram crianças. Pelo menos 63 jornalistas foram mortos, três estão desaparecidos e 19 foram presos por Israel, de acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas.
Além disso, mais de 3 mil palestinos foram presos por Israel na Cisjordânia e em Jerusalém oriental.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU declarou que a prisão em massa de palestinos e os maus-tratos dos detidos devem ser investigados.
“O crescimento massivo do número de palestinos presos e detidos, o número de relatos de maus tratos e humilhação sofridas por aqueles que estão em custódia e a falha relatada em aderir ao devido processo básico levanta sérias questões sobre o cumprimento por parte de Israel das leis humanitárias internacionais e dos direitos humanos”, afirmou a ONU.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha também mostrou preocupação com as imagens de prisões e tortura de civis, segundo a agência Reuters.