Regime de Netanyahu já assassinou 173 jornalistas desde o início da invasão de Gaza em outubro, de acordo com a contagem do Gabinete de Imprensa do governo e levantamento do Sindicato dos Jornalistas da Palestina
Soldados israelenses fortemente armados e mascarados invadiram o escritório da Al Jazeera em Ramallah, na Cisjordânia e entregaram uma ordem fechamento por 45 dias ao chefe do escritório da rede, Walid al-Omari, na madrugada deste domingo, em meio à crescente repressão do governo de Benjamin Netanyahu à liberdade de imprensa. Os jornalistas presentes foram todos expulsos do escritório sob a mira de fuzis.
A Al Jazeera exibiu imagens ao vivo das tropas invadindo o escritório da emissora em Ramallah e entregando uma ordem militar de fechamento antes da transmissão ser interrompida.
Jivara Budeiri, jornalista da emissora, disse que as forças israelenses usaram gás lacrimogêneo nas proximidades do escritório da Al Jazeera e da Praça al-Manara, no coração da cidade ocupada da Cisjordânia. Ela acrescentou que os soldados israelenses confiscaram suas câmeras. Budeiri revelou que temia que os militares pudessem tentar destruir os arquivos da Al Jazeera, que estão armazenados no escritório.
Falando por telefone de Ramallah, Nida Ibrahim, da Al Jazeera, disse que a operação na Cisjordânia e a ordem de fechamento não foram “nenhuma surpresa” após a proibição anterior de reportagens de dentro de Israel.
O ataque deste domingo ocorreu poucos meses após o regime israelense proibir a Al Jazeera de operar dentro dos territórios ocupados em maio, após sua guerra genocida na Faixa de Gaza sitiada, que até agora já custou mais de 41.000 vidas de palestinos, incluindo mulheres, crianças e idosos.
Expressando preocupações sobre o que os soldados israelenses podem fazer com o escritório após o ataque, Walid al-Omari, chefe do departamento, afirmou: “Atacar jornalistas dessa forma sempre visa apagar a verdade e impedir que as pessoas ouçam a verdade”.
“VIOLAÇÃO FLAGRANTE DA LIBERDADE DE IMPRENSA”
Reagindo ao violento ataque, o Gabinete de Imprensa do Governo Palestino em Gaza declarou: “Apelamos a todas as organizações e grupos de mídia que lidam com direitos humanos no mundo para condenar este crime hediondo… que é uma violação flagrante da liberdade de imprensa e da mídia”.
O médico e ativista político Mostafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, afirmou que Israel não tem o direito de fechar nenhum escritório em Ramallah, que fica na Área A, sob a administração civil e de segurança da Autoridade Palestina.
“Esta é a verdadeira face de Israel… que afirma ser uma democracia e diz apoiar a liberdade de imprensa”, finalizou Barghouti.
MATAR JORNALISTAS PARA SILENCIAR A IMPRENSA
Desde o início da invasão de Gaza em outubro do ano passado, as forças genocidas israelenses mataram 173 jornalistas, de acordo com uma contagem do Gabinete de Imprensa do Governo, com o regime proibindo jornalistas internacionais de fazer reportagens independentes de Gaza.
Ismail al-Ghoul e Samer Abudaqa, da Al Jazeera, estão entre os jornalistas assassinados pelas tropas de Netanyahu..
O Sindicato dos Jornalistas Palestinos condenou a incursão e a ordem israelense: “Essa decisão militar arbitrária é uma nova agressão contra o trabalho jornalístico e os meios de comunicação”.
Em maio, a polícia israelense já havia fechado a sede de transmissão da Al Jazeera em Jerusalém Oriental, confiscando equipamentos, impedindo suas transmissões em Israel e bloqueando seus sites. O bloqueio, inicialmente de 45 dias, estendeu-se.
Segundo Al Jazeera, as tropas israelenses confiscaram documentos, equipamentos e bens do escritório e estão impedindo repórteres da emissora catari de divulgarem informações do fechamento. Os funcionários da TV foram obrigados a deixar o local, de acordo com a rede de televisão.
Lá, o escritório da Al Jazeera, que é uma organização global de notícias com 80 escritórios em todo o mundo, fica em uma região da Cisjordânia sob jurisdição da Autoridade Nacional Palestina.
NA FAIXA DE GAZA O GENOCÍDIO CONTINUA
Fontes do Ministério de Saúde da Palestina assinalaram, neste domingo (22), que o número de mortos na Faixa de Gaza aumentou para 41.431, a maioria dos quais são crianças e mulheres, desde o início da agressão israelense, em 8 de outubro.
As mesmas fontes acrescentaram que o número de feridos é de 95.818 desde o início da agressão, enquanto milhares de vítimas continuam sob os escombros.
Note-se que as forças ocupantes cometeram 3 massacres contra famílias na Faixa de Gaza, incluindo 40 mártires e 58 feridos que chegaram aos hospitais nas últimas 24 horas.