
Treze organizações norte-americanas, incluindo a maior das centrais sindicais dos Estados Unidos, a AFL-CIO, lançaram um documento exigindo uma rápida resposta dos parlamentares aos impactos econômicos do surto de coronavírus, uma solução que coloque o centro nas necessidades dos mais afetados pela crise e não nos mais abastados, como é o caso de cortar impostos das empresas com base na folha de pagamento usados para financiar a Seguridade Social
Em carta aos congressistas, se juntaram à AFL-CIO o Instituto de Política Econômica e a organização Cidadão Público. Foi lançada um dia após o presidente Trump ter divulgado uma abordagem à tensão econômica que inclui o corte nos impostos que empresários pagam à Seguridade Social (entidade de governo criada em 1935, durante a gestão de Franklin Roosevelt).
As entidades denunciam que, com isso, Trump quer cortar um dos principais mecanismos de financiamento desta Seguridade, vendendo a ideia de que seria uma estratégia para se contrapor ao impacto econômico que a doença trará.
Ao mesmo tempo, denunciam as entidades, os parlamentares republicanos bloquearam um projeto que buscava garantir que os trabalhadores atingidos pelo coronavírus continuariam a receber durante os dias de recolhimento.
Para as entidades, “deveriam ser evitados cortes nos impostos conectados à folha, assim como outros cortes de impostos, inclusive os que são referentes a ganhos de capital, que são benefícios em primeira mão aos mais ricos, aqueles que estão mais isolados da crise”, declaram os sindicatos e organizações. Tais medidas, afirma o documento, “são indesejáveis, injustas e estúpidas”.
“Estes cortes ameaçam o seguro-desemprego e aprofundam, ao invés de resolverem, a retração econômica”, acrescentam os denunciadores das medidas da Casa Branca.
Ao invés deste benefício aos mais abastados, os autores da carta propõem medidas emergenciais, como pagamentos extras a todas as famílias durante um ano, elevar os investimentos em saúde “para propiciar um tratamento melhor e alívio da pressão financeira sobre as famílias e sobre os governos locais com custos com tratamento de saúde”.
Para os sindicalistas e demais ativistas, todos os custos extras referentes ao surto devem ser bancados pelo governo federal: “emergência médica, crescimento das despesas com medicamentos, campanhas públicas educacionais, fundos adicionais para administrar o desemprego, e ainda elevar benefícios de aposentadoria e apoio econômico a negócios e cidadãos”.
A organização popular “Trabalho com Seguridade Social”, também se juntou aos denunciantes: “Donald Trump está usando a crise do coronavírus como desculpa para a redução de impostos referentes à folha. Isto é um ataque a bordo de um Cavalo de Troia em nosso sistema de Seguridade Social que, além de tudo, não terá nenhum impacto no enfrentamento da crise”.
O senador Ron Widen (democrata pelo Oregon) afirmou que “Trump está tentando usar a pandemia global para bafejar as corporações norte-americanas e pagar isso cavalgando sobre os recursos duramente amealhados para financiar a Seguridade Social e o Medicare”.