TSE manda Telegram excluir grupos bolsonaristas que fazem ameaças de morte

Plenário dos ministros do TSE. Foto: Alejandro Zambrana - Secom - TSE
A vontade que eu tenho é de meter bala na cabeça do Xandão [Alexandre de Moraes], só não tive oportunidade ainda, diz uma mensagem

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, determinou, na sexta-feira (28), que o Telegram exclua dois grupos de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) por divulgação de notícias falsas sobre urnas eletrônicas e apologia à violência extrema.

No início da tarde de sexta-feira, os grupos já não estavam mais disponíveis nas redes sociais.

A acusação teve como base duas reportagens publicadas por Agência Pública e UOL. Moraes se apoiou na resolução aprovada pelo TSE no último dia 20, que aumentou os poderes da Corte Eleitoral, para mandar excluir conteúdo de redes sociais.

Na decisão, o magistrado argumentou que a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE informou a existência de manifestação pública sabidamente inverídica a respeito das urnas eletrônicas, com a finalidade de promover um ataque institucional de teor incendiário e incentivar o extremismo nas mensagens do grupo.

O ataque às urnas eletrônicas e o correspondente incentivo à sua destruição vêm a público em conjunto com uma série de falas odiosas e com expressa apologia à prática de atos criminosos e violentos, como agressões físicas a opositores, em detrimento da liberdade de voto, assim como o atentado à vida de uma autoridade do Poder Judiciário eleitoral”, continua o ministro em sua decisão.

VIOLÊNCIA E ÓDIO

Na decisão do ministro foi transcrita algumas mensagens compartilhadas no grupo: Estou cansado de ser vítima. Eu quero fazer uma vítima; Eu estou cansado de ver frouxo. Tem que quebrar no pau, tem que acabar, pegar uma urna dessa e quebrar ela todinha no pau”; A vontade que eu tenho é de meter bala na cabeça do Xandão, só não tive oportunidade ainda.

Xandão é como muitos usuários da internet se referem ao ministro Alexandre de Moraes.

O aliado político e amigo de Jair Bolsonaro (PL), Roberto Jefferson, foi quem insistentemente usou essa expressão e ganhou ares de caricatura. 

COMPORTAMENTO ABUSIVO E CRIMINOSO

O ministro reiterou que para que não pairem dúvidas, registro que tais afirmações não correspondem a legítimo exercício da liberdade de expressão, mas a comportamento abusivo e criminoso, incompatível com o regime democrático, seja porque não guardam conexão com a realidade, seja porque planejam comprometer a integridade e a natureza pacífica da competição eleitoral, transformando-a em um jogo sujo, sanguinário e conflituoso.

O ministro também escreveu, por meio da decisão, que a divulgação, consciente e deliberada de informações falsas sobre a atuação da Justiça Eleitoral, com atribuição de comportamento fraudulento ou ilícito”.

E implica promoção de desordem informativa que prejudica, substancialmente, a realização de seus correspondentes encargos institucionais, atraindo, em tese, a prática do crime previsto no art. 296 do Código Eleitoral [promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais].

Os grupos 70 Milhões eu voto em Bolsonaro Nova Direita e 70 Milhões 2 eu voto em Bolsonaro Nova Direita reuniam mais de 180 mil integrantes. A multa ao Telegram em caso de descumprimento foi fixada pelo ministro em R$ 100 mil por hora.

M. V.

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