A União Europeia (UE) apresentou nesta quarta-feira (13) o primeiro Fundo Europeu de Defesa (FED) para desenvolver as capacidades militares de seus membros, mas suas condições descartarão na prática a participação de empresas de países de fora do bloco, como os Estados Unidos e, inclusive, o Reino Unido, em processo de saída.
A iniciativa de 13 bilhões de euros, dita para promover a autonomia estratégica da UE, poderá tensionar ainda mais as relações com Washington, a um mês de uma importante cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, e num momento em que os dois lados do Atlântico vivem uma crise comercial – desatada por Trump – e diplomática. Como se sabe, o lema da Otan era “os americanos dentro, os russos, fora, e os alemães por baixo”, na esclarecedora descrição de um general norte-americano.
É de se esperar para ver até onde irá esse anseio da União Europeia por “autonomia estratégica”. Há que se perguntar exatamente de que “autonomia estratégica” estão falando quando Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica etc. abrigam bases militares, tropas e armas nucleares dos Estados Unidos, não propriamente por decisão soberana de cada um desses países. Falando francamente, a situação desses países é praticamente pagarem pela própria ocupação. A previsão é o Fundo Europeu de Defesa entrar em operação em 2020.
SEDE NA UE
As empresas que optarem por estes fundos deverão “ter a sua sede e suas infraestruturas na União Europeia e, sobretudo, uma entidade instalada fora da UE não poderá controlar a tomada de decisões”, explicou uma fonte responsável europeia, que pediu anonimato, segundo a AFP.
A filial europeia de um grupo americano, canadense, russo, ou chinês não poderá aspirar ao financiamento do Fundo Europeu de Defesa. Como também um grupo britânico, detalhou à AFP outra fonte: “O programa começará a ser aplicado a partir de 1º de janeiro de 2021 e, portanto, para uma União Europeia de 27 membros”, esclareceu.
Em Bruxelas, as fontes consultadas defendem que os critérios não são discriminatórios, uma vez que empresas interessadas no financiamento nos Estados Unidos devem ter sede neste país, ou empregar apenas equipes americanas.
“Os critérios de elegibilidade europeus são similares. É normal que o dinheiro europeu vá para as empresas europeias”, reiterou a fonte.
O Fundo Europeu de Defesa é “um instrumento de emancipação” para uma UE totalmente dependente das empresas americanas para a fabricação de drones militares e a proteção de seus satélites, segundo os responsáveis questionados.