
A greve nacional dos petroleiros, que chega nesta segunda-feira ao 17º dia, fechou a semana com todas as plataformas do litoral paulista paradas, com a adesão, no domingo, dos trabalhadores da plataforma de Merluza, únicos que continuavam trabalhando normalmente.
A plataforma de Merluza produz gás natural, e está instalada na Bacia de Santos. Sua produção escoa através de um gasoduto que liga a plataforma até a unidade de gás natural na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP).
Em todo o país, a greve dos petroleiros já conta com a adesão de mais de 20 mil trabalhadores. São 58 plataformas, 11 refinarias, 23 terminais, 7 campos terrestres, 7 termelétricas entre outras unidades, segundo as federações e sindicatos da categoria.
A mobilização é contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados Fafen-PR e a demissão de cerca de 396 trabalhadores da unidade, e contra a política de desinvestimento e privatização da estatal, além da exigência do cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que, segundo as entidades, estariam sendo desrespeitado pela empresa.
DEMISSÕES SUBORNO
Em relação às demissões no Paraná, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirma que os trabalhadores da Fafen já começaram a ser notificados para comparecerem à empresa e efetivarem suas demissões. Segundo a entidade, até trabalhadores afastados por doença ou em tratamentos de câncer foram notificados.
A FUP também denuncia que além da dispensa coletiva, a Petrobrás não pagou o adiantamento dos petroleiros da Fafen-PR no dia 10, enquanto tenta subornar trabalhadores que permanecerem em seus postos com cheques de R$ 3 mil por dia, além do adiantamento do Prêmio por Performance (PPP 2019), na tentativa de enfraquecer a greve.
Embora a direção da empresa negue, segundo o Sindipetro-LP (Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista), o movimento já está impactando a produção. O sindicato afirma que só a paralisação nas áreas de Recuperação de Aromáticos (URA) e de destilação atmosférica (UV), iniciadas no dia 15, já produz impacto significativo para a empresa.
Em cada dia de paralisação na unidade UV, pode exemplo, a empresa deixa de refinar 4 mil m³ de petróleo, o equivalente a 25 mil barris diários.
“A produção não para com a greve, mas diminuiu. A Petrobras mente. Foi assim também em 2015 e depois, no relatório anual, teve que confessar o prejuízo”, afirma o coordenador da Federação Nacional do Petroleiros (FNP), Adaedson Costa.
A federação diz que a Petrobrás tentou contratar temporariamente ex-funcionários aposentados, mas não obteve sucesso.
Mesmo afirmando que a greve não está atingindo a produção, contraditoriamente a Petrobrás admite que está tendo que se valer de equipes de contingência e da contratação de trabalhadores temporários. Nesta segunda, a empresa também decidiu suspender as férias de trabalhadores que já tinham marcado o descanso para março.
De norte a sul do país o movimento só avança. No domingo, os petroleiros de Manaus promoveram um ato no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes em repúdio à direção da empresa e ao governo.
Com faixas e gritando palavras de ordem como “não estamos à venda” e “defender a Petrobrás é defender o Brasil”, os trabalhadores denunciaram que, no Estado, a privatização já está em curso, com o processo de venda das termelétricas Jaraqui e Tambaqui. Na duas termelétricas, 90% da categoria está parada desde o dia 13.
Na terça-feira (18), uma grande mobilização nacional em defesa do emprego, da Petrobrás e do Brasil será realizada no Rio de Janeiro, com a participação de caravanas de trabalhadores de vários estados. A concentração será a partir das 16h, em frente à sede da Petrobrás, no Centro do Rio.