
Ao invés de enfrentarem o problema dos norte-americanos criado com o surto de coronavírus, as declarações de Trump na TV, na noite do dia 11, “provocaram caos absoluto”, avalia o jornalista Eoin Higgins, da equipe de redação do portal Common Dreams.
Sem nenhuma preparação, na noite do dia 11, o presidente dos EUA declarou que todos os europeus de 26 países estavam proibidos de entrar nos Estados Unidos a partir daquela data.
O presidente do Conselho da União Europeia Charles Michel e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, condenaram a medida xenófoba e intempestiva de Trump: “O coronavírus é uma crise global, não é limitado a qualquer continente e requer cooperação, não ações unilaterais”.
Os voos procedentes destes países também foram cancelados por 30 dias, todas as medidas foram tomadas sem qualquer consulta e, muito menos, diálogo com qualquer dos líderes europeus.
A desastrada declaração se somou à fragilidade com que convive a economia internacional – com predomínio do setor financeiro – o que repercutiu em drástica queda nas bolsas mundo afora. A bolsa de Nova Iorque fechou seu pregão devido a chamada “quebra de circuito”, uma queda rápida e acentuada nas ações. As bolsas de Frankfurt, Londres, Tóquio e a de São Paulo contabilizaram quedas em torno de 10% e todas tiveram momentos de fechamento durante o dia. A de São Paulo parou quatro vezes.
Mostrando uma discriminação injustificada, a medida de Trump só inclui os países da Zona do Euro, dentro da qual os cidadãos podem circular livremente. Ficaram de fora da medida, a Inglaterra, Irlanda, Bulgária, Croácia e Romênia.
Para os dirigentes europeus, a medida pôs de lado, de forma cega, países europeus, o que jogou mercados de ações em mais uma queda livre.
Nos Estado Unidos, parlamentares, especialistas e governos locais buscam respostas para as questões que o surto coloca e que o presidente deixou no ar.
De forma que não se garante o acesso rápido a testes e muito menos tratamento accessível a todos.
A decisão de Trump permite que os norte-americanos possam vir para casa da Europa, o que fez com que muitos se mobilizassem para retornar antes de qualquer outra mudança. Para voltar, enfrentam caos nos aeroportos e falta de instruções claras de como agir na chegada em casa, além dos preços das passagens que se tornaram exorbitantes nos últimos dias.
Gérard Araud, ex-embaixador da França em Washington, destaca que tudo não passa da “necessidade de Trump de uma narrativa para exonerar seu governo de qualquer responsabilidade na crise. O estrangeiro é sempre um bom bode expiatório”.