Somando-se a milhares de personalidades, lideranças políticas, empresariais e sociais, artistas, juristas, e entidades que nas últimas semanas lançaram manifestos em defesa da democracia e ao sistema eleitoral brasileiro, em resposta aos constantes ataques golpistas de Bolsonaro, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) também elaborou um manifesto em que expressa “seu inequívoco compromisso com os valores democráticos” e em defesa das urnas eletrônicas.
O manifesto, que já conta com 600 signatários da comunidade acadêmica e está aberto na internet para continuar recebendo assinaturas de professores, estudantes e funcionários da universidade, também será divulgado no próximo dia 11, juntamente com o manifesto da Faculdade de Direito da USP, que já conta mais de 800 mil assinaturas, e o documento liderado pela FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo) e assinado por entidades como Iedi, FecomercioSP, Febraban, Centrais Sindicais, UNE, SBPC, Câmara Americana de Comércio, Fundação Fernando Henrique Cardoso, além de associações de economistas, advogados, profissionais de saúde, ambientalistas e direitos humanos.
O texto da Unicamp, encabeçado por diversos professores eméritos, como Carlos Vogt, Rogério Cezar de Cerqueira Leite e Maria Stella Bresciani, afirma que “a Universidade Estadual de Campinas, criada logo após o golpe civil-militar de 1964, conviveu – durante as suas duas primeiras décadas – com a falta de liberdades democráticas, a censura nos planos da educação e da cultura e a repressão política”, e que, no entanto, buscou “resistir às tentativas de controle e subordinação aos objetivos políticos e estratégicos defendidos pelos dirigentes da ditadura militar” e “com destemor e firmeza, procurou manter sua autonomia acadêmica e científica bem como sua independência política e ideológica diante das frequentes ameaças, vindas de agentes e aparelhos da ditadura militar”.
Após o relato sobre a história de resistência da universidade, o manifesto afirma que “a dois meses das eleições de outubro, setores democráticos da sociedade civil se mobilizam, pois a democracia no Brasil está sendo, cotidianamente, atacada por altos dirigentes do atual governo”.
Conforme o manifesto, “não se trata de uma afirmação retórica: a democracia no Brasil está em risco! Neste momento, a comunidade acadêmica da Unicamp, igualmente, não deve se silenciar!” e “repudia quaisquer ações que possam contribuir para a ruptura constitucional e o retrocesso político”.
“De forma límpida e definitiva, a comunidade acadêmica se manifesta em defesa da realização de eleições livres e do respeito aos seus resultados”.
E finaliza afirmando que “ao defendermos, de forma resoluta, a democracia política no país, não podemos deixar de reafirmar nosso compromisso com a efetivação de políticas públicas que, no próximo governo federal, enfrentem as profundas desigualdades sociais e as discriminações de todas as espécies bem como se comprometa com a defesa do ensino público, gratuito e de qualidade no Brasil”.