
Como o presidente do PL não foi denunciado pela PGR, na investigação que apura quem são os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado, ele havia pedido no STF para que fossem revogadas as limitações que o proibiam de se comunicar com outros envolvidos no inquérito
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes autorizou, nesta terça-feira (11), Valdemar Costa Neto, presidente do PL (Partido Liberal), a voltar a conversar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e também revogou outras medidas cautelares que haviam sido impostas contra Costa Neto.
O presidente do PL foi pessoalmente ao Supremo despachar seu pedido desesperado a Moraes. Ele chegou acompanhado do seu advogado Marcelo Bessa por volta das 14h no STF. Conversou por cerca de 20 minutos e saiu sem falar com a imprensa no final da audiência.
Como Costa Neto não foi denunciado pela PGR, ele havia protocolado pedido no STF para que fossem revogadas as limitações que o proibiam de se comunicar com outros envolvidos em investigação relacionada à tentativa de golpe de Estado. Entre os citados na apuração está Bolsonaro.
“Embora o investigado tenha sido indiciado no relatório final apresentado pela autoridade policial, a PGR não denunciou o investigado, razão pela qual, em relação a ele, não estão mais presentes os requisitos necessários à manutenção das medidas cautelares anteriormente impostas”, escreveu o ministro do STF na autorização.
Valdemar também recebeu permissão para realizar viagens internacionais, a ter de volta o passaporte, relógios de luxo, valores e outros bens que haviam sido apreendidos pela PF (Polícia Federal), durante as investigações, além de participar de cerimônias e homenagens a militares das Forças Armadas e policiais.
CONTATO PROIBIDO. POR QUÊ
Essa foi uma das principais medidas autorizadas por Moraes, relator do inquérito no Supremo ao qual está ligada a operação golpista, em meados de fevereiro de 2024, é que os envolvidos na investigação não conversassem ou tivessem qualquer tipo de contato entre si.
Isso incluiu Bolsonaro e o presidente do PL.
O objetivo da decisão foi impedir a coordenação da ação política entre Bolsonaro e o presidente do partido — liberado em 11 de fevereiro de 2024, depois de ter sido preso dia 8 de fevereiro, durante operação, por porte ilegal de arma e posse de pepita de ouro sem origem comprovada.
A PF procurava, na ocasião, qualquer coisa que pudesse envolver o presidente do PL na trama golpista. E acabou achando objetos que impôs a prisão de Valdemar.
VALDEMAR, BOLSONARO E BRAGA NETTO
O ex-presidente é presidente de honra do PL e o então companheiro de chapa nas eleições de 2022, o general Walter Braga Netto, o secretário de relações institucionais.
Pela decisão de Moraes, nenhum dos 3 podia ter contato entre si.
A operação realizada dia 8 de fevereiro de 2024 ocorreu dentro da investigação do envolvimento de membros do antigo governo, das Forças Armadas e de aliados próximos de Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.
Moraes, então, determinou que Bolsonaro não poderia ter contato com nenhum dos outros investigados. Isso incluiu, além de Valdemar, auxiliares próximos, como Tércio Arnaud — um dos responsáveis pelo chamado “gabinete do ódio” — e Braga Netto. Além disso, o ex-presidente teve o passaporte retido pela Justiça.