“O povo brasileiro lá fora fala hoje que vocês dois (Schvartsman e o Secretário Germano Vieira) são bandidos, assassinos e deveriam estar presos”.
O deputado André Janones Avante-MG afirmou, na quinta-feira (14), durante a audiência com o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, na Comissão Externa de Brumadinho (MG) da Câmara dos Deputados, que espera que essa seja a última vez que ele veja o presidente da Vale antes de sua prisão.
Foi neste evento que o executivo da Vale não se levantou durante o minuto de silêncio feito em homenagem às vítimas de Brumadinho.
Segue a íntegra do pronunciamento do parlamentar mineiro. Para quem preferir, abaixo está o vídeo com a fala do deputado.
“Vocês reinam no país da impunidade. Mas, estamos num período de transição. Esses parlamentares aqui vão até a última instância para que essa seja a última vez que vocês estejam aqui sem algemas, tratados como autoridades, ao invés de serem tratados como bandidos, que é o que vocês são”, disse o parlamentar.
“Tenho uma grande insatisfação de ter que olhar para essa cara lavada do presidente da Vale e ver ele dizer, aqui, que a Vale é uma joia rara e que ela não tem responsabilidade pelo que aconteceu”.
“Pelo menos ele foi homem suficiente para admitir que está defendendo os interesses da empresa. O senhor está aqui defendendo os interesses da Vale, eu quero dizer para o senhor e o secretário, que lhe concedeu licença para matar, que eu como parlamentar estou aqui para defender os interesses do povo”.
“O senhor está aqui para falar a fala de quem paga seu salário. Eu também estou aqui para falar a fala dos que pagam o meu salário, que é o povo brasileiro e o que o povo brasileiro lá fora fala hoje é que vocês dois são bandidos, assassinos e deveriam estar presos”.
“Fica difícil contestar essa afirmação depois da fala do representante do Ministério Público da União. O senhor disse que não sabe o que houve. Por que a barragem rompeu. É muito fácil, senhor presidente, explicar o que houve. O senhor representa uma empresa que visa o capital, o lucro acima de tudo”.
“O senhor, junto com esse moleque que se diz secretário [Germano Vieira], deve se sentir muito bem protegido aqui com parlamentares da oposição e da situação, devido ao relacionamento dele no governo Pimentel, e mantido por esse governador que se diz novo, mas que está reaproveitando tudo o que tem de pior na gestão passada”. Germano Vieira foi Secretário do Meio Ambiente do governo Pimentel (PT).
“Vocês colocaram os números nos papéis e viram que valia a pena matar 300 pessoas que, na ótica de vocês, não eram ninguém. Valia a pena, é a ótica capitalista, do lucro acima de tudo. É simples a explicação. Não precisa de tanta fala, tanto mi mi mi, de tanta conversa aqui. É muito fácil de entender”.
“O Secretário do Meio Ambiente é irmão de um funcionário de uma mineradora e vem e fica com essa cara lavada dele. Deu conta de falar dois minutos e colocou gente para falar no lugar dele, porque é um analfabeto funcional que só serve os interesses das mineradoras”.
“O presidente da Vale mente de dia, mente de tarde, mente de noite. Tem a cara de pau de vir falar aqui que está dando auxílio. Mentira. Não paga o que deve. A Vale está agindo lá em Brumadinho para tirar o MP das ações. Vocês acostumaram a sobrepor o dinheiro acima de tudo. Mas nós não vamos deixar isso acontecer não”.
“O senhor mente tanto que sequer até hoje a gente sabe quantas pessoas morreram. Nós sabemos que não foram 300, que foi muito mais. Para concluir, os moradores lá também relatam que a Vale está tão preocupada com os moradores que até cardápio de hotel, na hora de pedir comida, a Vale está regulando, o que aquelas famílias podem pedir e o que elas não podem pedir”, denunciou.
Ao final o deputado questionou os presentes. Ao presidente da Vale, indagou: “Se não é a Vale que deve ser punida. Então quem deve ser punido?” Ao representante do Ibama, perguntou se os parlamentares podem fazer alguma coisa “para que esses bandidos sejam presos?” E ao Ministério Público, o que falta para pedir a prisão deles.
Assista ao vídeo com a fala do deputado André Janones (Avante-MG)