Vorcaro e seus comparsas bolsonaristas estão sendo blindados por Toffoli

Dias Toffoli e Daniel Vorcaro (Fotoa: Nelson Jr/STF e reprodução)

Decisão de paralisar as investigações e puxar o caso para o STF é um verdadeiro escândalo

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou na última terça-feira (2) sigilo total no caso das fraudes bilionárias do Banco Master. Logo em seguida, ele acatou pedido da defesa do banqueiro ladrão e puxou o caso de escândalo do Master para a órbita do STF. Toffoli decidiu ainda que todas as investigações conduzidas pela PF e a Justiça Federal de Brasília até agora fossem interrompidas.

O país está estarrecido com essas decisões. Ninguém admite que um escândalo bilionário como este seja acobertado e termine garantindo impunidade aos bandidos.

O banqueiro Daniel Vorcaro e outros diretores do Master foram presos depois de realizarem tramoias que deram prejuízo de 12,5 bilhões em diversas instituições públicas e aplicadores. Vorcaro foi preso no exato momento em que se preparava para fugir do país a bordo de um jatinho particular de sua propriedade. Empresas laranjas, empréstimos fraudulentos, CDB e títulos bichados, calotes que poderão atingir mais de R$ 40 bilhões aos incautos que caíram no conto do vigário de ganhos estratosféricos. Um verdadeiro show de falcatruas e trambicagens. Tudo isso terá que ser coberto pelo fundo garantidor de crédito.

Além disso, a PF descobriu que vários fundos ligados a Vorcaro e a seu banco participavam ativamente de lavagem de dinheiro do crime organizado. A Operação Carbono Oculto detectou ligações desses fundos do Master com o PCC. Descobriu também um conluio entre o banco fraudulento de Vorcaro e políticos bolsonaristas, como o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, que autorizou uma negociata envolvendo o BRB (Banco Regional de Brasília) para injetar dinheiro público no banco falido. Até hoje, Ibaneis não deu explicações sobre isso.

Quando o Banco Central impediu que o BRB entrasse na operação fraudulenta de “salvamento” do banco em apuros, o senador bolsonarista Ciro Nogueira entrou de cabeça na tentativa de manter a negociata a qualquer custo. Estava tão fissurado na negociata que tentou emplacar o impeachment do diretor do BC por ele ter interrompido a trama. E mais, outro governador bolsonarista, Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, autorizou que o fundo de previdência dos mais de 300 mil servidores públicos do estado, o Rioprevidência, aplicasse R$ 1 bilhão em papeis podres do Banco Master.

As ligações do bolsonarismo com as falcatruas do Banco Master não param por aí. O cunhado de Daniel Vorcaro, o “pastor empresário” Fabiano Campos Zettel, que dirigiu a empresa Super Empreendimentos, bancada pelo fundo Hans 95, investigado pela PF como lavanderia do PCC, despejou R$ 5 milhões nas campanhas de Jair Bolsonaro a presidente em 2022 e de Tarcísio de Freitas a governador de São Paulo no mesmo ano. Todo esse conluio foi desbaratado pela Polícia Federal na operação Compliance Zero, que colocou Daniel Vorcaro na cadeia.

Num primeiro momento o país ficou surpreso com a decretação por Toffoli do sigilo máximo para o caso. Não havia a menor justificativa para que o país não pudesse acompanhar os detalhes dessa que já é considerada uma das maiores fraudes bancárias da história. Mas, em seguida ficou claro que o objetivo é mesmo abafar o caso e acoitar os criminosos. O pretexto para que o caso fosse para o STF foi o fato de que um material citando o nome de um deputado federal teria sido encontrado na casa de um dos criminosos. Há suspeita até de que esse material tenha sido até plantado com esse objetivo.

O fato é que, apesar do STF estar cumprindo um importante papel no combate ao fascismo no Brasil, não significa que ele pode fazer o que quiser. A Corte não pode e não deve extrapolar em suas obrigações constitucionais. Muito menos proteger bandidos. Não há nada de constitucional e nem de republicano nesta atitude de Dias Toffoili. Acoitar os ladrões que deram golpes bilionários no país e nas finanças públicas é totalmente inaceitável. Insistir em esconder os crimes e proteger os ladrões do colarinho branco só agravará a crise por que passa o país. O ministro deve pensar duas vezes antes de insistir neste caminho.

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