
Pelo menos 21 pessoas morreram nos EUA devido às temperaturas extremas causadas pelo vórtice polar que atingiu esta semana o Meio-Oeste do país, com frio equivalente ao da Antártida em algumas áreas, revelaram as autoridades norte-americanas. No domingo, o sufoco começa a se desvanecer, segundo o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, e a temperatura deverá ficar acima do zero graus.
O frio descomunal atingiu cerca de 200 milhões de pessoas. 2300 voos foram cancelados e 3500 tiveram atrasos. Estradas e ferrovias ficaram paralisadas. Lagos, cataratas e rios congelaram. Escolas e universidades suspenderam as aulas. A GM interrompeu a produção em 11 fábricas no auge da intempérie. Empresas deixaram de operar porque seus sistemas de calefação não davam conta.
A entrega de correio foi suspensa em dez estados. Linhas de energia congelaram, causando apagões. A infraestrutura de aquecimento a gás ficou tão sobrecarregada, que em algumas áreas foi preciso ordenar à população que reduzisse o termostato.
De Minnesota a Nova Jersey, milhares de pessoas ficaram sem aquecimento em suas casas por horas a fio enquanto trabalhadores das concessionárias trabalhavam para restaurar serviços em temperaturas abaixo de zero, sob risco de sofrerem queimaduras por frio depois de alguns minuto. Os governadores de Michigan, Illinois e Wisconsin decretaram estado de emergência
O vórtice polar é um tipo de massa de ar gelado que se move como um ciclone, que ocorre sobre os dois polos e que ganha força no inverno. Gira no sentido anti-horário e foi presenciado pela primeira vez em 1853. 3,5 milhões de pessoas nos estados de Minnesota, Wisconsin, Iowa, Illinois e Michigan tiveram de suportar temperaturas da ordem de 30 graus negativos e outros 83 milhões no Meio Oeste aguentaram como puderam o frio excruciante.
Nos estados mais afetados pela massa polar, as autoridades pediram às pessoas para evitarem ao máximo deixar suas casas. Chicago – tratada nas redes como ‘Chiberia’ – quase parou sob o frio extremo. A temperatura chegou a despencar para 23 graus abaixo de zero e sensação térmica de menos 52 graus, de acordo com o serviço meteorológico. No dia seguinte, 21 graus negativos.
Ao longo da semana, registaram-se temperaturas mínimas históricas de -53ºC no estado do Minnesota, -51ºC no Wisconsin e -50ºC no Iowa. Entre as vítimas, sem-teto e idosos, motoristas que se envolveram em acidentes nas estradas devido ao gelo e neve e ainda profissionais com atividade externa. Hospitais receberam centenas de pacientes que sofreram queimaduras por frio. Só num dos hospitais de Chicago, foram 50.
O frígido fenômeno expôs a incapacidade do mais rico país do mundo em propiciar a infraestrutura social necessária para proteger as populações mais vulneráveis desses eventos extremos. Abrigos ficaram lotados. O número de mortes deverá aumentar assim que socorristas tenham acesso a locais que ficaram praticamente isolados com a intempérie.
Com sua costumeira falta de noção e de respeito ao infortúnio passado por milhões de pessoas, de olho na reeleição e em agradar os magnatas amigos & poluidores, o presidente Trump tuitou pedindo a volta do ‘Global Waming’ (sic): “Por favor, volte rápido, precisamos de Você!”. O vórtice polar poderá causar dano ao PIB do trimestre, que já havia sido abalroado pelo maior ‘fechamento’ do governo federal já ocorrido, e que o próprio Trump provocou com sua ideia fixa – e xenófoba – de muro anti-imigrantes.