
O ministro da Educação de Bolsonaro, Abraham Weintraub, disse que vai “caçar o pessoal que fica fazendo balbúrdia” sobre professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O deputado estadual em Santa Catarina Jessé Lopes (PSL) entregou para Abraham Weintraub um “dossiê” com casos de professores e alunos da UFSC que estariam, na ótica bolsonarista, fazendo balbúrdia.
As denúncias seriam da “esquerda universitária” fazendo “movimentos político-partidários irregulares”, o que “prejudica alunos que querem estudar”.
O ministro, depois de receber o “dossiê”, disse ter “com o que se divertir. Vamos abrir uns PADzinhos (Processos Administrativos). Vamos caçar o pessoal que ao invés de estar trabalhando para devolver ao pagador de imposto o dinheiro suado, fica fazendo balbúrdia”.
O vídeo do evento foi publicado nas redes sociais do deputado estadual.
Para a Associação dos Professores da UFSC (APUFSC), o deputado estadual e o ministro se “comportam como se vivêssemos numa ditadura, agredindo com escárnio a liberdade e a autonomia universitária garantidas na Constituição, e quebrando mais uma vez com o decoro dos cargos públicos que ocupam”.
Weintraub e Jessé “voltam a atacar a comunidade acadêmica da UFSC com acusações e insinuações que não contribuem para a tranquilidade necessária à recente retomada das atividades normais da instituição, após a paralisação estudantil provocada pelos cortes de verbas”.
Os professores afirmam que Jessé tem pautado “sua atuação por invasões ao campus para provocar incidentes e a gravação não autorizada de vídeos, grotescamente manipulados, com o fim de comprometer professores, servidores e estudantes”.
O diretor de Universidades Públicas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Guilherme Bianco, considerou “um completo absurdo um ministro falar o que ele falou. É um ataque claro à organização dos professores que lutam por uma causa justa, que é contra os cortes na educação, contra o projeto Future-se, contra a privatização das universidades”.
“Ficou claro, mais uma vez, que os ataques do Bolsonaro e do Weintraub à educação, àqueles que discordam deles, são ideológicos, não tem nada de técnico, de financeiro. É um ataque às liberdades democráticas das pessoas, dos professores universitários”, completou.