A moeda chinesa foi utilizada mais do que a do Japão para pagamentos internacionais pela primeira vez desde janeiro de 2022
O uso da moeda chinesa, o yuan, saltou para 4,61% dos pagamentos globais em novembro, tornando a quarta moeda mais usada em transações globais e superando o iene japonês, de acordo com dados do serviço de pagamento internacional SWIFT.
A participação do yuan nos pagamentos globais saltou de 3,6% em outubro e foi a primeira vez desde janeiro de 2022 que alcançou o quarto lugar. Naquela época, a participação do yuan estava em 3,2%, de acordo com a SWIFT.
No geral, o valor dos pagamentos em moeda chinesa aumentou 34,87% em comparação com outubro de 2023, em comparação com um aumento de 5,35% em todas as moedas de pagamentos em geral, de acordo com o SWIFT.
Isso reflete o progresso constante na internacionalização do yuan, o crescente apelo do yuan como moeda para pagamentos e liquidações globais, combinado com uma visão otimista sobre o impulso de desenvolvimento de longo prazo da economia da China, registrou o Global Times.
O GT observou, ainda, que a utilização do yuan para petróleo e outras transações com a Rússia está em progressão. Ao mesmo tempo, Pequim negocia com países emergentes, como o Brasil, cada vez mais em sua moeda. No período, a participação nos pagamentos globais via SWITT foi de 7,5% para a libra britânica, 23% para o euro e de 47% para o dólar.
Desde o início do ano – registrou a publicação -, houve desenvolvimentos notáveis marcando a internacionalização do yuan, ultrapassando o euro para se tornar a segunda maior moeda nas reservas cambiais do Brasil, o primeiro uso do yuan pela Argentina para pagar dívidas externas e o pagamento inaugural do Paquistão das compras de petróleo bruto russo em yuan.
De outubro a dezembro, o Banco Popular da China (PBC), o banco central, autorizou bancos de compensação de yuans no Paquistão e no Camboja e assinou um acordo com o banco central da Sérvia sobre a instalação de um banco de compensação de yuans no país.
Em novembro, o PBC e o Banco Central saudita assinaram um acordo de swap em moeda local que envolve 50 bilhões de yuans (US$ 6,98 bilhões) ou 26 bilhões de riais sauditas.
Nas transações transfronteiriças da China para o comércio de bens, a proporção de liquidações em yuan atingiu 24,4% nos primeiros nove meses, um aumento de 7 pontos percentuais em relação ao período correspondente em 2022, mostraram dados do PBC.
Um processo bastante avançado nas relações entre a Rússia e a China. As moedas ocidentais foram quase completamente eliminadas no comércio Rússia-China, já que quase todos os pagamentos entre os países agora são realizados em rublos e yuans, disse o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, ao se reunir na semana passada com o seu homólogo chinês, Li Qiang, durante sua visita de dois dias a Pequim.
“Continuamos a aumentar a participação das moedas nacionais nas liquidações mútuas. Se em 2020 esse valor foi de cerca de 20%, este ano realmente nos livramos completamente das moedas de países terceiros em liquidações mútuas”, afirmou Mishustin.
Segundo a RT, o uso do rublo e do yuan chegou a 95% de todos os pagamentos bilaterais. De acordo com outra autoridade russa, até 68% de todo o comércio exterior russo agora é em rublos e yuans.
A questão do uso das moedas nacionais no comércio também tem sido motivo de grande consenso nos BRICS, agora ampliado.
Em outubro, Brasil e China realizaram uma operação completa em yuan e real pela primeira vez. O motivo da transação foi uma exportação de celulose da Eldorado Brasil, empresa de São Paulo com representação em Xangai. O produto foi enviado em agosto do porto de Santos para o de Qingdao.
“A proporção crescente dos pagamentos transfronteiriços do yuan reflete a crescente popularidade do yuan na liquidação e pagamento transfronteiriços por vários países, e reflete a confiança dos investidores globais no desenvolvimento de longo prazo da economia do nosso país”, disse Zhou Maohua, analista macroeconômico do Everbright Bank, ao Global Times.
Ainda que um processo complexo e com muitos passos pela frente, em outras palavras a tendência à desdolarização deixou de ser uma questão acadêmica teórica e entrou na ordem do dia, desde que o assalto a reservas e ativos russos, decretado por Washington contra a segunda superpotência nuclear do planeta, tornou evidente aos demais países do mundo que não existe segurança alguma, nem “regras”, no que era tido como o porto mais seguro em termos de divisa.