
Em entrevista à rádio Jovem Pan, na quinta-feira (5), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), comparou pessoas em situação de rua com carros estacionados em locais proibidos e sugeriu a criação de uma lei para “guinchá-los.
A declaração se deu quando foi questionado sobre a segurança pública em Minas Gerais e uma suposta Cracolândia em Belo Horizonte.
“Temos lá (em Belo Horizonte) moradores de rua ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora, fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição. E não temos hoje nada no Brasil que seja efetivo. É um problema em São Paulo, Belo Horizonte e em outras cidades”, afirmou Zema.
A fala gerou indignação em diversos setores. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, criticou o governador nas redes sociais: “A insensibilidade do governador é revoltante! Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher”, disse em publicação.
Zema tem dado declarações polêmicas desde que assumiu o governo em 2019. Em 2023, além de compartilhar em suas redes sociais uma frase do líder fascista Benito Mussolini, o governador concedeu uma entrevista ao Estadão no qual associou Estados do Norte e do Nordeste a “vaquinhas” que produzem pouco.
Já nesta semana, em entrevista à Folha de São Paulo, Zema afirmou que não considera o período da Ditadura Militar como um regime autoritário, tratando o tema como “uma questão interpretativa”.
“Eu acho que tudo é questão de interpretação. Prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas. E houve terroristas naquela época? Houve também. Então fica aí. Acho que os historiadores é que têm de debater isso. Eu preciso me preocupar, hoje, com Minas Gerais”, disse.
Além disso, Zema – que busca se cacifar como pré-candidato da extrema direita à presidência do país – disse que se for eleito presidente dará indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), caso ele seja condenado por tentativa de golpe de Estado.
Ao voltar de recente viagem a El Salvador, um dos países mais violentos do mundo que usou como política de combate à violência a criação de prisões em massa como política de Estado, Zema defendeu a necessidade de se adotar práticas semelhantes e colocar o Exército brasileiro, que é responsável pela defesa externa do País, para combater o crime nas ruas.
“O que eles fizeram lá é o que o Brasil tinha que fazer. Eles enquadraram organizações e facções criminosas como organizações terroristas. E aí prender todos. Além disso, com essa decretação, Polícia Federal, Exército, teriam necessariamente de estar envolvido combatendo”, disse Zema.
Naiyb Bukele, de El Salvador, é uma conhecida figura da extrema-direita atualmente na América Latina e aliado do presidente estadunidense, Donald Trump. Durante seu governo, cerca de 2% de toda a população de El Salvador está presa. É o país com a maior taxa de encarcerados do mundo.
Para isso, em março de 2022, Nayib Bukele colocou o país em estado de exceção, suspendendo direitos constitucionais. A polícia passou a fazer prisões sem mandados, e o governo passou a poder acessar a comunicação das pessoas sem autorização da Justiça.