Os médicos de Bruxelas, capital da Bélgica, organizaram um protesto contra a primeira ministra, Sophie Wilmes, durante a visita que ela realizou ao centro assistencial do Hospital Saint Pierre: a receberam de costas.
O país, que passa por um levantamento progressivo das medidas de confinamento, registrou seu mês de abril com mais mortos desde a Segunda Guerra Mundial pela epidemia do novo coronavírus, indica um novo estudo da Universidade Livre de Bruxelas.
“A mortalidade na Bélgica é excepcionalmente alta, alcançando níveis sem precedentes. Um total de 14.790 pessoas faleceram no país em abril, 9.080 por conta do Covid-29, e houve 55 mil contágios”, assinala a Universidade.
E, nessa situação, faltam os produtos fundamentais para enfrentar o surto.
Quando a autoridade máxima do país, que é sede da União Europeia, chegou ao local, dezenas de profissionais de saúde se postaram nas calçadas laterais da rua de entrada e, assim que a caravana de carros oficiais chegou, ficaram de costas e em silêncio.
O protesto foi o desdobramento de uma longa série de exigências por falta de insumos iniciadas desde que iniciou a pandemia. Os médicos denunciam falta de luvas, máscaras, respiradores mecânicos, além de material de segurança sanitária, cuja carência provoca o aumento da quantidade de médicos, enfermeiros e pacientes contagiados pelo coronavírus.
Segundo reportagem da agência de notícias Russia Today, RT, “o pessoal médico quis demonstrar insatisfação com os cortes orçamentários para a saúde e os baixos salários”.
Os pesquisadores apontaram que desde a ocupação nazista da Bélgica na década de 1940, o país europeu não havia visto uma taxa de mortalidade tão alta em abril, tanto em cifras absolutas como per capita. Os pesquisadores calcularam uma taxa em abril de 2020, 4% inferior à desse mesmo mês de 1941.
Os profissionais também protestaram pelas regras que o governo pretende aplicar que poderiam obrigá-los a trabalhar segundo as exigências da crise da pandemia de Covid-19. “A situação está sem controle e pretendem levantar o confinamento. O governo nos dá as costas constantemente quando pedimos ajuda, hoje somos nós que ficamos de costas”, declarou um enfermeiro à rede pública de rádio e TV RTBF.