Está internado em estado grave o idoso de 75 anos que foi empurrado por policiais no final de uma manifestação diante da prefeitura da cidade de Buffalo, no estado de Nova Iorque, na quinta-feira (4), e deixado caído no chão, sem socorro, depois de bater com a cabeça e sangrar.
A divulgação da cena em vídeo voltou a chocar o país, que vive uma onda de revolta contra a brutalidade e impunidade policial, desde a asfixia por policiais em Minneapolis do negro George Floyd.
Uma pessoa que testemunhou a cena em Buffalo chegou a gritar que o idoso estava “sangrando pelos ouvidos”. Um dos policiais esboçou se abaixar para avaliar a situação da vítima, no entanto, foi impedido pelos parceiros.
The Buffalo News identificou posteriormente a vítima: é Martin Gugino, um ativista da paz de longa data, de Amherst.
Segundo o canal CBS WIVB, ele precisou ser levado de ambulância até um hospital próximo. Uma fonte informou à emissora que o idoso sofreu laceração e possível concussão.
Antes do vídeo surgir, a versão dos policiais é de que o manifestante tinha tropeçado sozinho e caído, o que ficou completamente desmoralizado.
O prefeito de Buffalo, Byron Brown, postou no Twitter que o idoso apresenta “quadro estável, mas grave” e se disse “profundamente perturbado” ao assistir ao vídeo.
O governo do estado, Mike Cuomo, que nesta sexta-feira apresentava sua agenda de reformulação da ação policial, que chamou de “Diga Seu Nome”, em homenagem a George Floyd, considerou o que o vídeo mostra “fundamentalmente ofensivo e assustador… Como nós chegamos a esse ponto?”.
“Isso perturba seu senso básico de decência e humanidade … onde estava a ameaça?”, indagou.
Cuomo apoiou a decisão do prefeito Brown de determinar a imediata suspensão dos dois policiais envolvidos, sem pagamento, e abertura de investigação interna dos acontecimentos.
O plano preliminar de reforma da ação policial delineado por Cuomo estabelece, entre outros pontos, prioridade aos registros disciplinares dos agentes policiais, proibição de golpes de estrangulamento, a advocacia geral como promotor independente em mortes causadas por policiais e transformação de relatórios falsos de ações policiais sobre minorias raciais em crime de ódio.
Como sublinhou Cuomo, o povo está dizendo “basta”. “Isso é um fato. O povo está dizendo que temos de mudar e que devemos parar com o abuso e Nova Iorque deveria estar na vanguarda disso”.
Ainda assim, o governador de Nova Iorque admitiu que a quinta-feira foi “outra noite longa e feia nos Estados Unidos” – embora em Washington e Los Angeles, onde foram revogados o toque de recolher, não hajam ocorrido incidentes, nem prisões.
Bem ao contrário da cidade de Nova Iorque, onde o uso de cachimbo continua entortando a boca. A polícia da cidade de Nova Iorque se esbaldou reprimindo manifestantes que estavam pacificamente nas ruas, apesar do toque de recolher, e usaram uma tática bastante agressiva de encurralamento dos jovens, como mostrado nas redes sociais.
Foram mais de dez mil prisões no país inteiro EUA nessas mobilizações contra o racismo, a imensa maioria por infrações leves, como ignorar o toque de recolher.
Ao mesmo tempo, as manifestações em que policiais aderem, a pedido dos manifestantes, ao respeitoso ajoelhar que surgiu com o jogador Colin Kaepernick como símbolo antirracista, vêm sendo um fato novo, no necessário caminho de reformular a atuação policial, para que não aja contra a população como se estivesse numa zona de guerra, contendo o “inimigo”.