Opositores denunciam barbaridade Netanyahu/Trump: “É um crime de guerra”
Um ato conjunto de judeus e árabes contra os planos israelenses de anexar a região do Vale do Jordão tomou conta da Praça Rabin no sábado, dia 6, em Tel Aviv.
Os organizadores da manifestação que reuniu milhares de participantes se comprometeram, para obterem a liberação por parte da polícia e da prefeitura, com que os manifestantes usariam máscaras e guardariam uma distância mínima de 1,5 metro para evitar contágio por coronavírus. Os organizadores destacaram 50 supervisores para garantir o cumprimento das determinações acordadas.
ANEXAÇÃO E APARTHEID
Ayman Odeh, presidente da Lista Conjunta de maioria árabe, alertou a multidão reunida na praça de que “estamos em uma encruzilhada. Um caminho leva a uma sociedade compartilhada com uma verdadeira democracia civil e de igualdade nacional para os cidadãos árabes (mais de 20% da população da Israel nas fronteiras internacionalmente reconhecidas de 1967, antes da ocupação posterior à Guerra dos Seis Dias). A segunda rota leva ao ódio, violência, anexação e apartheid”.
“Estamos na Praça Rabin para tomar o primeiro caminho”, acrescentou Odeh.
“Não existe democracia só para judeus, não existe tal coisa”, finalizou o líder árabe israelense. “Assim como Martin Luther King e seus apoiadores nos Estados Unidos devemos tomar conhecimento de que sem justiça não pode haver paz. E não há justiça sem o fim da ocupação”.
CRIME DE GUERRA
O presidente do partido Meretz, Nitzan Horowitz, disse aos manifestantes: “Anexação é um crime de guerra. Um crime contra a paz, um crime contra a democracia, um crime que vai nos custar sangue”.
O líder do Meretz criticou aqueles que deixaram a aliança opositora (Kahol Lavan, Azul e Branco e Avodah, Trabalhistas) para se juntarem ao governo de Netanyahu: “Vocês se assumiram como parceiros definidos, estão apoiando e autorizando esta tragédia”.
Entre outros oradores registramos Muhammad Barakeh, presidente do Alto Comitê Árabe de Monitoramento; deputados Tamar Zandberg, Meetz, Ofer Cassif, do comunista Hadash e a jornalista e atualmente deputada trabalhista, Merav Michaeli.
O diretor da organização que reúne militares da reserva, “Quebrando o Silêncio”, Avner Gvaryahu, referiu-se ao plano apresentado por Washington (que dá apoio à anexação de território palestino): “Trump não está mandando seus filhos para guardarem os postos de controle entre os palestinos. Os filhos dos norte-americanos que apoiam a anexação não vão ser mortos ou matar nos territórios, mas isso pode acontecer com os nossos”.
O senador por Vermont, Bernie Sanders (candidato judeu que ficou em segundo lugar na disputa pela indicação do Partido Democrata à Casa Branca) falou aos presentes via telão. Ele se disse emocionado de ver árabes e judeus juntos em um ato no centro de Tel Aviv e declarou: “Nestes dias difíceis, nunca foi tão importante que as pessoas se levantem por justiça e para lutar pelo futuro que todos merecem. Depende de todos nós o levante contra líderes autoritários e pela construção de um futuro de paz para todo palestino e todo israelense. Nas palavras de meu amigo Ayman Odeh: O único futuro é um futuro compartilhado”.
Durante a concentração, manifestantes entoaram palavras de ordem como: “Basta de ocupação”, “Ocupação é terror” e “Eyad, Eyad, de novo Eyad” (esta última em referência ao palestino Eyad Hallaq, autista morto a tiros a queima-roupa por um soldado israelense na Jerusalém Oriental anexada apesar da maioria Árabe e contra a legislação internacional).