A Promotoria do Panamá informou que foi encontrada nesta sexta-feira uma nova vala comum com dezenas de vítimas da invasão norte-americana de 20 de dezembro de 1989.
Conforme o Ministério Público, “até o momento, mais de 70 restos foram localizados” no cemitério Jardim de Paz, na Cidade do Panamá (capital), tendo sido transferidos 16 para o necrotério judicial “para suas respectivas análises”.
A exumação das vítimas enterradas em uma fossa coletiva do Jardim de Paz, começou a ser feita em janeiro, para apoiar um grupo de investigações inconclusas e identificar os restos mortais.
Os trabalhos foram suspensos pelas medidas tomadas pelo governo para evitar a propagação do novo coronavírus, portém foram retomados esta semana pelo Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses.
Durante as escavações, os pesquisadores descobriram que inúmeros corpos não se encontram sob suas lápides e outros nem as têm, informou a promotora de homicídios Maribel Caballero e o secretário executivo da “Comissão de 20 de dezembro de 1989”, José Luis Sosa.
AVIÕES E TANQUES
Montados em navios, aviões, helicópteros e tanques, mais de 27.000 soldados norte-americanos invadiram o Panamá para derrubar o governo do general Manuel Antonio Noriega (1983-1989), que atuava para nacionalizar o Canal do Panamá. O pretexto usado por Bush para invadir foi o de combate às drogas. Após a deposição, o repasse do Canal foi adiado por 10 anos.
Oficialmente houve cerca de 500 mortos, mas organizações sociais e especialistas afirmam que foram milhares de vítimas, principalmente devido ao bombardeio indiscriminado a que foram submetidos vários bairros, particularmente o de El Chorrillo, na capital.
Logo após ter se comprometido a colaborar com a investigação, o governo dos EUA se negou a oferecer qualquer documentação para esclarecer o ocorrido com os civis e militares panamenhos mortos e “desaparecidos”.
Os coletivos de familiares das vítimas denunciam que os estadunidenses devem reconhecer a invasão e a ocupação, indenizar o país e apontar aonde estão localizadas as demais fossas coletivas.
O governo panamenho criou em 2016 uma comissão com o objetivo de “contribuir com o esclarecimento da verdade e o pleno conhecimento do número e a identidade das vítimas, assim como as violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos’, ocorridas durante a ocupação estadunidense.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) apontou em 2018 os Estados Unidos como responsável pelas “violações de direitos humanos” e pediu que Washington “reparasse integralmente” as vítimas.