O governo lançou na semana passada (17/06) o Plano Safra 2020/2021 e deixou insatisfeitos os produtores de alimentos, em sua maioria formado pela agricultura familiar.
Dos R$ 236 bilhões destinados a financiar o setor agrícola e pecuário, a maior parte dos recursos vai para o agronegócio, sendo R$ 170 bilhões para os grandes produtores e cooperativas, e R$ 33 bilhões para os médios.
Para os pequenos agricultores o valor repassado será de R$ 33 bilhões. A taxa de juros vai variar de 2,75% a 4% ao ano, o que também foi repudiado pelos representantes dos trabalhadores na agricultura.
Para a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que representa o pequeno produtor, a taxa de juros deveria ser mais baixa, já que a Selic – taxa básica da economia brasileira – caiu para 2,25%.
A entidade diz que o setor, que enfrenta um grande prejuízo com a pandemia, com perda de produção e dificuldade na comercialização, e que responde por 70% dos produtos que chegam à mesa dos brasileiros, deveria ter maior apoio do governo.
“O governo passa uma mensagem para a agricultura familiar e para a sociedade de que não vai subsidiar, de que não vai apoiar a agricultura familiar, porque nós vamos pagar uma taxa de juros mais alta do que a Selic. Ou seja, não vai haver incentivo, não vai haver subsídio do estado brasileiro para a agricultura familiar”, criticou Aristides Santos, presidente da Contag.
Frei Sérgio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), diz que “o plano não traz nada voltado aos mais de 3 milhões de famílias empobrecidas no campo, onde estão quilombolas, pequenos agricultores, assentados e outros. Ele desconsidera que os estoques dos alimentos básicos, por exemplo, estão muito frágeis e não prevê nenhum estímulo setorial em função disso”.
Segundo ele, “não tem estímulo para produção de feijão, mandioca, arroz, trigo, nada que seja produto de primeira necessidade. É o ‘Plano Safra da fome’ ou o “Plano Safra da soja para exportação”.
O secretário de Política Agrária do governo, Eduardo Sampaio, disse que a distribuição dos recursos ainda pode ser remanejada “para atender a demanda”.