O presidente Trump iniciou os festejos de sábado, 4 de julho, Dia da Independência dos Estados Unidos, declarando como “inimigos da República” todos os que se opõem ao racismo e à desigualdade social.
Na mesma data, um motorista matou atropelado um manifestante que protestava contra a política exercida pelo “White Power” (Poder Branco, como se autodenominam os supemacistas brancos nos EUA).
A massiva concentração para festejar, como proposto por Trump, foi realizada no Dakota do Sul, sem que fossem tomadas as mínimas precauções sanitárias, no mesmo momento em que o Estado registra um novo recorde de coronavírus, e logo seguiu para Washington onde o prefeito denunciou que o encontro “violou as normas de saúde do próprio governo federal”.
Apesar do salto de 90% no número de novos casos de Covid-19 nas últimas duas semanas, com a consequente rejeição da população ao descontrole, Trump disse que está às vésperas de uma “tremenda vitória”, “maior do que nunca”. E na sua sequência de alucinações sem qualquer correspondência com a realidade – cada vez mais dura com os estadunidenses -, disse que “a quantidade de empregos é espetacular”. Sem conseguir comprovar, justificou: “muitas coisas acontecem e as pessoas ainda não podem ver”.
De acordo com Trump, “há uma campanha para apagar nossa história, difamar nossos heróis, apagar nossos valores e doutrinar nossos filhos”, em referência aos manifestantes da Black Lives Matter (Vidas negras importam) que derrubaram estátuas de alguns ícones racistas ou forçaram as autoridades a removê-los. Segundo o presidente, “não só nas escolas, como nos livros e mesmo nos escritórios, há uma revolução cultural de esquerda projetada para derrubar a revolução americana”, e transformar o país em “um lugar de repressão, dominação e exclusão”, como se a exclusão não fosse o predominante naquela sociedade e não fosse o real motivo das manifestações.
Foi em meio a esse clima criado pelos discursos de Trump, que já ameaçou jogar o exército contra o povo (no que foi detido pelos chefes militares) que, em Seattle, um homem invadiu com seu carro uma concentração antirracista, e atropelou ao menos duas manifestantes. Uma delas morreu. O assassino estava sozinho e tentou fugir, mas foi capturado e colocado sob custódia, sem direito a fiança.