Ministros do Exterior representando França, Itália, Suécia, Dinamarca, Holanda, Portugal, Irlanda, Finlândia, Bélgica, Luxemburgo e Malta exigem da UE urgência no anúncio de medidas em resposta a Israel caso siga adiante na anexação de território palestino
“O tempo é curto”, dizem ministros do Exterior de 11 países europeus em carta do dia 10 de junho ao Diretor de Política Externa da União Europeia, Josep Borell, na qual alertam para a necessidade da UE tomar com urgência “medidas concretas” para deter o desastroso plano de anexação de 30% da Cisjordânia anunciado por Netanyahu e que tais medidas “forneçam uma base sólida” capaz de fazer Israel voltar à mesa de negociações.
Na carta a Borrell, cuja cópia foi obtida no dia 13 pelo jornal Haaretz, os ministros de 11 países alertam que “a janela para deter a anexação está se fechando rapidamente” e demandam que a UE formule uma lista de respostas imediatas a uma anexação de partes da Cisjordânia por Israel.
“A possibilidade de anexação por Israel de partes do território da Palestina ocupada permanece uma questão de grave preocupação para a União Europeia e seus Estados membros”, acrescenta a carta.
No documento, eles lembram a Borrell que “como dito em suas declarações de 4 de fevereiro e 18 de maio, a anexação seria uma ruptura com a lei internacional”.
“É importante que se deixe claro quais são as implicações legais e políticas da anexação”, prosseguem. “Portanto, nós gostaríamos de ver pronto um documento, redigido em consultas com a Comissão Europeia, que estabeleça uma visão geral das relações UE-Israel, que traga uma análise das consequências legais da anexação, assim como uma lista das possíveis ações em resposta a ela, incluindo gatilhos a serem acionados imediatamente com a revisão de todos os acordos entre Israel e União Europeia e as respectivas responsabilidades da Comissão. Este documento com as opções contribuiria para os nossos esforços para barrar a anexação”.
Desde o momento em que foi anunciado o plano Netanyahu/Trump ameaçando a Palestina com a anexação, que a União Europeia vem trabalhando para barrar este desastre, juntando-se às mais diversas vozes de lideranças políticas, artistas, intelectuais e de dirigentes sindicais em todo o mundo, incluindo líderes as comunidades judaicas e árabes, todos alertando que tal medida poria um fim na Solução dos Dois Estados com base nas linhas de fronteira de 1967 (antes da Guerra dos Seis Dias e do início da ocupação israelense) base para os Acordos de Oslo firmados por Rabin e Arafat.
Ainda que haja um posicionamento quase consensual entre os Estados membros (o governo da Hungria é uma exceção) contra a anexação, a UE ainda não decidiu com exatidão como vai reagir se ela acontecer.
A Alemanha, que também se opõe veementemente à anexação se ausentou do encontro dos 11 ministros alegando sua posição atual ocupando a presidência da UE.
Diversos países da União Europeia têm se posicionado e declarado – em conversas telefônicas com Netanyahu – sua discordância com a agressão que o atual governo israelense tem ameaçado perpetrar. As ligações incluem a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro Boris Johnson.