A taxa de desemprego na Suécia registrou uma alta recorde no mês de junho, chegando a níveis que não eram atingidos desde 1998. Segundo o Instituto sueco de estatísticas (SCB), o número de desempregados no país se aproxima dos 10% e a pandemia de Covid-19 é apontada como um fator decisivo.
De acordo com o SCB, o desemprego, que em janeiro era de 7,2%, atingiu em junho 9,4% dos suecos entre 16 e 64 anos, com um aumento flagrante entre os jovens. Na população entre 16 e 24 anos, o índice chega a 28%, contra 20,4% registrados em janeiro.
Após adotar uma estratégia contra a pandemia inteiramente na contramão dos países vizinhos, a ‘imunização de rebanho”, a Suécia se tornou o segundo país europeu com maior número de casos por habitante, enquanto sua economia não se saía melhor do que a dos vizinhos.
Aliás, como revelou o ‘IBGE’ sueco, no caso do desemprego, inclusive ficando em situação pior. A imunização de rebanho consiste em deixar o vírus se propagar livremente até atingir – e, em seguida, imunizar, a maioria da população, evitando o confinamento generalizado que foi imprescindível no auge da pandemia.
Com pouco mais de 10 milhões de habitantes, a Suécia no final de junho contava com 557 mil pessoas oficialmente sem emprego – 150 mil a mais que no ano anterior. O recorde absoluto de desemprego na Suécia data de 1997, quando 11,7% da população não tinha trabalho em razão da forte crise econômica que atingiu o país na época.
A alta generalizada do desemprego se deve principalmente às pessoas cujos contratos temporários não foram prolongados” no primeiro semestre, assinalou Daniel Samuelsson, do SCB. No caso dos jovens, o fator agravante foi que a pandemia fez com que, apesar de ser verão no país, os empregos sazonais, comuns nessa época do ano, diminuíssem “drasticamente”.
Na tentativa de atenuar as perdas trazidas pela pandemia e pelo caminho escolhido pelo governo para deter a Covid-19, o qoverno sueco determinou em abril um aumento no valor do seguro-desemprego. Outra medida adotada foi a redução de 12 meses para apenas 3 meses do tempo de contribuição necessário para fazer juz ao benefício.
Nos países vizinhos, que recusaram enveredar pela aventura da ‘imunização de rebanho’, apesar de terem tido uma elevação do desemprego, o estrago foi menor. Na Dinamarca, que teve um número menor de perda de vidas com a Covid-19 que a Suécia, o desemprego subiu de 3,7% em fevereiro, para 5,6% em maio – última data para a qual há estatística disponível. Na Noruega, o desemprego subiu de 3,8% em fevereiro, para 4,9% em junho.
A Suécia também sai perdendo, quando se trata da previsão de queda do PIB em consequência da pandemia. Será de 6% este ano, em comparação com contração esperada de 3,5% na Noruega e de 4,1% na Dinamarca.